Na próxima quarta-feira (9), o estado de São Paulo celebra um dos momentos mais marcantes de sua história: o feriado estadual da Revolução Constitucionalista de 1932. Enquanto em boa parte do país a data será um dia útil, os paulistas relembram um levante que, embora derrotado nos campos de batalha, permanece vitorioso na memória e na identidade regional.
O movimento armado teve início em 1932, quando setores civis e militares paulistas se insurgiram contra o governo provisório de Getúlio Vargas. O objetivo era claro: exigir a promulgação de uma nova Constituição e o retorno do país à legalidade democrática, rompida com a Revolução de 1930. A luta durou cerca de três meses e mobilizou mais de 35 mil combatentes.
Mesmo com a rendição das tropas paulistas em outubro daquele ano, o legado político da revolução pressionou o governo federal a convocar eleições para uma Assembleia Constituinte, o que resultou na promulgação da Constituição de 1934. Por isso, o episódio é considerado um marco na defesa do estado democrático de direito.
Na capital, o Obelisco do Ibirapuera, com 72 metros de altura, é o principal monumento em homenagem aos heróis de 32. Localizado na avenida 23 de Maio, ele abriga, em seu mausoléu subterrâneo, os restos mortais de 713 combatentes. Entre eles, estão os quatro jovens que se tornaram símbolo da revolta: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo de Camargo Andrade — cujas iniciais formam o acrônimo MMDC, ícone da mobilização paulista.
O feriado foi oficializado em 1997, após a aprovação de uma lei estadual proposta pelo então deputado Guilherme Gianetti. A base legal veio de uma norma federal sancionada dois anos antes pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que autorizava os estados a instituírem feriados civis por meio de legislação própria.
Importante lembrar: o 9 de Julho não é um ponto facultativo. As atividades nos setores público e privado devem ser suspensas. Trabalhadores que forem convocados para atuar neste dia têm direito à remuneração em dobro ou à concessão de folga compensatória, conforme prevê a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Empresas também podem aplicar acordos de banco de horas, desde que haja previsão em convenção coletiva.
Além do peso histórico, a data é também momento de reflexão sobre os valores democráticos e o papel da sociedade na construção de um país mais justo. Em São Paulo, o 9 de Julho vai muito além de um simples feriado: é expressão de resistência, civismo e memória.