O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao manter uma linha de ataque aos adversários tucanos em todas as visitas que realizou em apoio aos candidatos petistas demonstrou que as eleições de 2010 já são, na realidade, seu grande alvo.
Lula não criticou as administrações de Santo André e Diadema, por mais problemas que elas possuam, mas o mesmo não ocorreu em São Bernardo e São Paulo, onde os ataques foram diretos aos administradores, por melhor que estejam as cidades.
As eleições municipais de 2008 estão servindo de pano de fundo para que Lula antecipe as eleições presidenciais de 2010 quando o PT terá dificuldades para fazer seu sucessor, uma vez que o maior nome do partido, o do próprio Lula, não poderá ser novamente candidato à reeleição. Tudo indica, até o momento, que a ministra Dilma Rousseff deverá ser a candidata do PT.
Dilma deverá estar em São Paulo entre hoje, dia 1º, e amanhã dia 2 quando deverá visitar o ABC e dar seu apoio a Luiz Marinho em São Bernardo.
Como eleitor, Lula pode dizer para quem é seu voto, mas como presidente e estadista, que diz ser, torna deselegante a posição de apoio a quem quer que seja em qualquer lugar do país.
O presidente deve se manter à margem das eleições, pois como estadista deve manter sua neutralidade. Lula que conversa bastante com Fernando Henrique, conforme já divulgado amplamente na imprensa, deveria aprender com FHC como manter a imparcialidade em pleitos eleitorais municipais de maneira a não suscitar desavenças partidárias de apoio nacional.
A forma como faz campanha, demonstra uma total falta de decoro presidencial. Guardada as proporções, seria o mesmo que dar seu apoio a um dos candidatos à presidência americana.
Lula está agindo não como um estadista, mas sim como um reles pseudo estadista subdesenvolvido, assim como atua a figura de Hugo Chávez na américa latina.
Para alguns candidatos petistas e não petistas, o embarque nos bons resultados do atual governo federal não os credencia como bons administradores, mas sim apenas como co-partidarios ou aliados nacionais.
Deve-se lembrar que os atuais resultados são uma sequência de ações de muitos anos de decisões acertadas, inclusive sem a presença de Lula. O próprio presidente do Banco Central, um dos grandes responsáveis pela estabilidade econômica brasileira, é um tucano eleito no primeiro mandato de Lula.
Deve-se tratar a soberania não só na esfera federal, mas também nas estaduais e municipais.
Quem deve dizer o que é ou não bom ou melhor para um estado ou município é o eleitor e não um presidente que, de maneira torpe, tenta impingir seus "companheiros", independente de capacidade, atrelando seus nomes aos bons ares da economia nacional.
Quem não se lembra da fala de Marta Suplicy durante o caos aéreo quando sugeriu que os usuários do sistema deveriam "relaxar e gozar". Naquele momento era a ministra falando em nome do governo. Quem não se lembra de como Marta Suplicy era chamada em São Paulo quando foi prefeita, a "Martaxa", devido ao excesso de taxação aplicada aos contribuintes.
Em terras do ABC, sindicalistas promoveram a evasão das empresas e dos empregos que foram trazidos de volta graças a ações pontuais de administrações voltadas ao desenvolvimento regional, como no caso de São Bernardo.
Luiz Marinho, à frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC diz ter obtido avanços, porém não explicou claramente o caso do escândalo em que esteve envolvido da Volkswagen além de não demonstrar que sua administração à frente dos ministérios do Trabalho e Previdência tenham surtido efeitos positivos ao país, ao contrário, sabe-se que por influência de "compadre" do presidente Lula, Dilma e Marinho abortaram a cobrança de uma dívida superior, hoje, a R$2,5 bilhões da Varig no escândalo que envolveu o empresário Nenê Constantino e figuras de expressão do governo federal.
Em Diadema, só quem tem parentes ou visita com freqüência a cidade sabe de seus problemas e de como a população sofre. As enchentes locais foram em muito minimizadas graças às ações de governos tucanos, mas isso não é lembrado por ser ação de "adversário". A desordenação no processo de construções, a falta de calçadas, postes no meio das ruas e tantos outros absurdos não são lembrados, afinal são da administração petista, ligados ao presidente.
O SAMU em São Bernardo, programa do governo federal, somente foi adotado quando realmente surtiria efeito positivo à população e não com efeito eleitoreiro. Hoje o SAMU é um sistema que funciona, porém depende, e muito, de parceria com o município são-bernardense. Diz o presidente, ainda, que o prefeito não se aproximou do governo federal, mas não explica o cancelamento dos convênios assinados com a prefeitura alvo de matéria publicada no @HORA em edição passada.
Estranho ainda é ver figuras "mensaleiras" desfilando pelo ABC como se nada tivesse ocorrido e que tudo o que foi divulgado e apurado não passasse de "contos de fadas". José Genoíno, em visita ao ABC, marchou ao lado de Luiz Marinho, mas sua ligação a Marcos Valério, o caso dos dólares na cueca e o mensalão, não o desabilitaram de apoiar ilustres "companheiros".
O "poder pelo poder" é algo que deve ser reavaliado no país, como está sendo em outras partes do planeta.
Qual o real interesse de Lula "ter um amigo na prefeitura quando retornar em 2011"? Talvez para poder manter o tráfego de influência local e regional, ou ter a prefeitura são-bernardense como escape caso não consiga eleger seu sucessor à cadeira presidencial.
Em suma, esperamos que um presidente atue como um estadista e não como um palanqueiro sindical que verbaliza palavras de ordem em tons agressivos a quem quer que seja. Esperamos que um presidente fale somente a verdade e não distorça frases e situações em proveito pessoal e partidário. Acreditamos que um presidente ilibado não tenha espírito vingativo, mas sim democrático e saiba receber críticas e sugestões. Esperamos, de verdade, que suas despesas como presidente sejam para atos de interesse nacional e não partidário e que o custo seja ressarcido aos cofres durante seus atos pessoais de apoio com os recursos advindos dos tributos pagos por todos, petistas ou não.