O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a demissão dos responsáveis pelos grampos em telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. A ordem foi enviada ao diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda.
Em reunião, hoje às 9h, no Palácio do Planaltao, Lula informará a decisão a Gilmar Mendes, ao vice-presidente do STF, Cezar Peluso, e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto.
Mendes optou por cancelar uma viagem oficial que faria à Coréia do Sul e exigiu uma reunião extraordinária da corte do STF para as 16h de hoje. Durante o encontro, os ministros deverão discutir medidas que podem ser tomadas.
O ministro-chefe da Segurança Institucional, Jorge Felix, à qual a Abin é subordinada, disse ao jornal que já fez contato com Lula sobre as providências que serão tomadas.
"Conversei com o presidente e pedi ao procurador-geral da República (Antonio Fernando de Souza) que, da parte do Ministério Público, investigue o que está havendo. Paralelamente, está sendo feita uma sindicância na Abin. Uma coisa é certa: tudo indica que houve uma gravação, porque os dois interlocutores reconheceram o teor da conversa. Se foi a Abin, pode ser e pode não ser. Mas que houve a gravação, houve. Quem fez isso será punido", afirmou o general, ao jornal.
De acordo com a matéria divulgada pela Veja neste fim de semana, a Abin teria gravado conversa telefônica do ministro Gilmar Mendes com o senador Demóstenes Torres no dia 15 de julho. A revista traz a transcrição do diálogo e afirma que as informações foram passadas por um servidor da agência, que pediu anonimato. A assessoria de Mendes confirma a conversa com o senador.
No telefonema, Demóstenes pede ajuda a Gilmar contra a decisão de um juiz de Roraima que teria impedido o depoimento de uma importante testemunha na CPI da Pedofilia, da qual é relator.
Mendes agradece a Demóstenes por ter criticado, na tribuna do Senado, o pedido de impeachment do presidente do STF feito por um grupo de promotores descontentes com o habeas corpus concedido ao banqueiro Daniel Dantas - na época, a Polícia Federal acabara de concluir a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro.
Em nota à imprensa, a Abin informou que abrirá sindicância interna para investigar a suposta espionagem ilegal no Supremo.