A próxima versão do novo navegador da Microsoft facilitará a navegação sem rastros pela Internet. Empresas que vendem propagandas online - incluindo a Microsoft - conseguem reunir dados sobre os hábitos dos usuários, e então utilizar essa informação na decisão de que tipos de propaganda mostrar. No entanto, na mais nova versão "beta" de testes do Internet Explorer 8, disponibilizada na quarta-feira, um modo de execução chamado InPrivateBrowsing deixa os usuários navegarem sem que a lista de sites visitados seja armazenada em seus computadores.
O programa também cobre outros rastros, incluindo arquivos temporários de Internet e cookies, os pequenos arquivos de dados que os sites colocam nos computadores dos visitantes para rastrear suas atividades.
Tanto o Internet Explorer 7, o atual navegador da Microsoft, quanto o recém lançado Firefox 3, do Mozilla, já permitem aos usuários o bloqueio de cookies. Os dois principais navegadores também dão aos usuários a possibilidade de deletar informações pessoais, como arquivos temporários e seus históricos após a navegação. Mas eles não conseguem bloquear a coleta dessas informações inteiramente.
A versão beta também introduz um modo InPrivateBlocking adicional, que permitirá o bloqueio do conteúdo de terceiros em sites da web. Por exemplo, um site de notícias pode ter cotação de ações e informações sobre o tempo vindas de outros sites. As empresas que fornecem esse conteúdo também podem coletar e compartilhar informação sobre o que as pessoas fazem online. Mas os usuários que habilitarem o InPrivateBlocking não verão esse conteúdo, nem serão expostos a essa coleta de dados sem seu consentimento.
O InPrivateBlocking também pode ajudar a evitar que certos tipos de propaganda apareçam - incluindo aquelas da própria plataforma de anúncios da Microsoft, cujo sucesso é considerado crítico para o futuro do desenvolvedor.
JJ Richards, gerente geral da divisão de propaganda da Microsoft, respondeu em uma declaração que os consumidores entendem que ganham acesso a conteúdo e serviços grátis em troca de publicidade, mas querem "transparência, confiança e controle sobre os sites que visitam."
"Se o IE8 ajudar a aumentar a consciência dessa troca, este será um passo na direção certa," ele disse.
Os usuários que navegarem com o InPrivateBlocking ligado poderão checar a lista de quais empresas estão tentando mostrar ou coletar dados. Os usuários também poderão clicar em um link para obter mais informações e decidir caso a caso se vão permitir ou não que o processo vá adiante.
"Hoje, como usuários, não temos visão ou controle de como essa informação é compartilhada e gravada," disse James Pratt, gerente de produtos do IE8. "E eu não colocaria a Microsoft como a árbitra do que deve ou não ser gravado."
O InPrivateBlocking não é concebido apenas como um bloqueador de anúncios, mas profissionais do mercado já estão preocupados, disse Mike Zaneis, vice-presidente de políticas públicas do Internet Advertising Bureau, que representa empresas que lidam com publicidade online.
Se o InPrivateBlocking for adotado pela maioria dos usuários do IE8, pequenos sites que contam quase que exclusivamente com empresas externas para seus anúncios não vão conseguir sobreviver, disse. O mercado publicitário na Internet não entrou em colapso após os plug-ins de bloqueio de anúncios do Firefox, mas Zaneis disse que isso se deve mais ao fato do navegador deter uma fatia menor do mercado. (Mas o Firefox faz cada vez mais frente ao IE, e hoje é usado por mais de 10% dos usuários da rede.)
Se o IE8 bloquear programas que registram quantas vezes um anúncio é visto - um cálculo que ajuda a determinar o pagamento a anunciantes e desenvolvedores - isso pode reduzir muito o mercado publicitário na Internet.
"Vamos esperar para ver como será esse mercado," disse. "Acho que a Microsoft tem a consciência, todos temos, de que essa é uma versão beta e com certeza vai mudar antes de ser finalizada."
Uma versão anterior do IE8 beta tinha várias campainhas e assobios que facilitavam a navegação. Desde então, a Microsoft disse que também melhorou a habilidade da barra de endereços em prever o destino pretendido pelos usuários enquanto digitam.
Uma caixa de buscas aperfeiçoada fornece mais conteúdos ao lado dos resultados sugeridos. Por exemplo, uma busca na Amazon.com por um álbum de música, digitada na barra de ferramentas, gera um menu suspenso com títulos, preços e miniaturas da capa.
A Microsoft não diz quando planeja lançar a versão final do seu novo navegador, mas afirmou que essa segunda versão beta está pronta para ser testada por usuários finais.