Ministro do TSE entre 1996 e 2001, Walter Costa Porto acredita que nem os partidos, nem o próprio TSE, se animaram em estimular a antecipação do voto. Costa Porto lembra que não há, inclusive, uma pesquisa oficial que explique a redução do número de eleitores com menos de 18 anos.
"Este ano não houve campanha educativa. Como não são obrigados, os jovens não tiram o título de eleitor. Falta atrativo. Eles não são estimulados ao voto e, talvez, essa política que está aí não os tranqüilize. Só uma pesquisa explicaria esse desinteresse pelo voto, o que não é bom porque eles não começam a se preparar para a escolha de bons representantes no futuro", acredita.
Na tentativa de estimular jovens com menos de 18 anos a tirarem o título de eleitor para votar nas eleições de 2008, o TSE fez uma campanha institucional de dois meses no ano passado, na TV e no rádio.
Com o mesmo intuito, a juventude do PT e a União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, desenvolveram campanhas pelo voto aos 16 anos, em 2006. De acordo com a Secretaria Nacional de Juventude do PT, além de incentivar os jovens a irem às urnas, a campanha também visou a participação mais ativa na política por meio de grêmios estudantis, centros acadêmicos, associações, movimentos sociais e na filiação ao PT. Não deu muito certo e o percentual desceu pela primeira vez a barreira dos 0,7%.
"Os partidos não têm mais alas jovens e não fazem campanha. Os mais interessados seriam as agremiações, para que os meninos se inscrevessem logo na Justiça Eleitoral e votassem", sugere Costa Porto.
O cientista político Charles Pessanha, da Universidade federal Fluminense (UFRJ), especialista no estudo dos jovens eleitores americanos do democrata Barak Obama, diz que o número de jovens aumenta quando há campanha.
"Falar que os jovens estão decepcionados com política é chute. A tendência conservadora aposta sempre na descrença. Eu, como otimista, acredito que as campanhas resolvem", arrisca.