Algemas: delegados da PF reclamam de restrição

 

Nacional - 15/08/2008 - 08:56:27

 

Algemas: delegados da PF reclamam de restrição

 

Da Redação com JB Online

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A restrição ao uso de algemas em criminosos do colarinho branco pegou a Polícia Federal de surpresa. Como conseqüência, pode gerar uma confusão generalizada no cumprimento de mais de 350 mil mandados de prisão em aberto no país contra bandidos comuns: a decisão obriga o policial que atua na linha de frente de combate ao crime definir quem é perigoso ou pode reagir à prisão.

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"O problema não é a algema e sim quem está algemado. O Supremo foi infeliz e a medida é equivocada",­ reagiu o agente federal Marcos Vinício Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).

O ministro da Justiça, Tarso Genro, garantiu que a PF cumprirá a decisão, mas alertou que, além de aumentar o nível de arbítrio dos policiais, seu cumprimento requer uma reorientação interna nos órgãos de segurança. A grande dúvida, segundo o ministro, é como colocar em prática no País inteiro uma medida que repercute diretamente na segurança de policiais, da população e do próprio preso.

"A sensação de absoluta impunidade pode provocar uma reação de desequilíbrio no custodiado",­ exemplifica Genro ao se referir aos colarinho branco.

Decisão do policial

"Historicamente, o uso da algema era uma decisão do policial, tomada de acordo com as circunstâncias. Agora ele terá de explicar por escrito. ­ Como fazer com um preso que entra numa viatura onde há armas e policiais armados?", pergunta o delegado Sandro Avelar, presidente da Associação Nacional dos Delegados da PF.

O jeito, segundo ele, é reativar os velhos camburões e colocar o detento, seja ele rico ou pobre, no chamado chiqueirinho, que fica na parte traseira das viaturas. Avelar e Wink acham que, sob o pretexto de proteger direitos individuais, o STF entrou num segmento que não conhece.

A decisão, segundo eles, vai criar situações de alto risco e pode desencadear tragédias generalizadas. É também, conforme afirmam, um sinal de que novas restrições à ação da polícia no combate à corrupção podem estar em curso. O próximo passo seria uma lei inibindo o grampo telefônico, hoje a maior arma da polícia contra os delitos financeiros.

Alvo da súmula vinculante do STF, a Polícia Federal tem a seu favor o fato de ter executado, de 2003 até agora, em 605 operações de impacto, 9.301 prisões sem que precisasse disparar um tiro sequer. O segredo para evitar o uso de violência sempre foi a surpresa e as algemas, dois fatores que inibem reações.

A preocupação com a preservação da imagem do detento já havia sido contemplada no novo manual do órgão, que proíbe a exposição de presos, mas acabou sendo violado na Operação Satiagraha quando o delegado Protógenes Queiroz permitiu que a TV Globo filmasse o ex-prefeito Celso Pitta sendo preso na porta de sua casa.

"É uma reação da elite, mas a PF deu guarida",­ reconhece Wink. "Quando preso vestido com a camisa do Flamengo desce morro no Rio algemado e levando cascudo ninguém reclama",­ lembra. Wink acha preferível continuar algemando e responder a uma acusação de abuso do que, por omissão, colaborar para uma tragédia.

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