A assessoria do presidente do Supremo Tribunal Federal confirmou que há "fortes indícios" de que a rotina do gabinete do ministro Gilmar Mendes tenha sido monitorada por meio de escutas. A edição deste fim de semana da revista Veja mostra um relatório que aponta o monitoramento ilegal do gabinete, que serviria para tentar interceptar conversas entre o ministro e seus assessores.
Segundo o STF, "o relatório é verdadeiro". "O próprio relatório afirma que há fortes indícios que havia grampo no gabinete", explicou o chefe da assessoria de Mendes, Renato Parente.
Na época da descoberta do grampo, em uma varredura eletrônica em 10 de julho, o presidente do STF foi informado, mas, segundo assessores, não esboçou nenhuma suspeita. Um dia antes, Gilmar Mendes havia concedido o primeiro habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas, controlador do grupo Opportunity, preso durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal.
Fisicamente o grampo não foi encontrado na varredura. O Supremo alegou "motivos de segurança" para não informar com que freqüência e de que maneira são feitas as varreduras nos gabinetes dos ministros.
No início de julho, já haviam circulado informações de que o gabinete de Gilmar Mendes era monitorado. Na época as suspeitas eram de que a Polícia Federal havia acompanhado ilegalmente a rotina do gabinete e registrado em vídeo conversas entre assessores do tribunal e advogados de Daniel Dantas. O ministro da Justiça, Tarso Genro, e a PF, negaram envolvimento no episódio.
