A escolha do novo prefeito de São Paulo, nas eleições de outubro, é encarada pelos principais partidos políticos envolvidos na disputa como essencial para as suas pretensões políticas nas eleições de 2010, quando serão eleitos presidente da República, governadores de Estado e senadores, além deputados federais e estaduais.
As três principais coligações, encabeçadas por PT, PSDB e DEM, vão à disputa sabendo que ter em mãos a principal capital do País tem peso políco para o cenário de 2010.
O PT investe na candidatura da ex-prefeita Marta Suplicy (2001-2004) para chegar forte à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de dizer que irá cumprir o seu mandato integralmente, caso eleita, Marta é considerada dentro do partido como um dos nomes que pode concorrer à Presidência em 2010.
Para isso, ela conta com o apoio integral do presidente durante a disputa paulistana. "Em conversas que tive com o presidente, ele afirmou que virá a São Paulo quantas vezes for preciso para ajudar na nossa campanha", disse.
Na campanha paulistana, o PT estará coligado com o chamado bloquinho de esquerda, composto por PCdoB, PSB e PDT. Na mesma coligação estão PRB e PTN. Juntos, os partidos darão à candidata mais de 13 minutos no horário eleitoral.
A candidatura do atual prefeito Gilberto Kassab (DEM) à reeleição tem como objetivo firmar o partido em São Paulo. Coligado com o PSDB em 2004, quando José Serra (PSDB) se elegeu, o partido acabou beneficiado com a sua renúncia, um ano e três meses depois de assumir o cargo, para a disputa do governo do Estado, em que acabou eleito.
Apoiado pelo grupo ligado a Serra, Kassab lançou o seu nome à prefeitura e até o último momento lutou pelo apoio do PSDB à sua candidatura, mantendo assim a aliança que elegeu Serra em 2004. Parte do seu secretariado e 11 dos 12 vereadores do PSDB que integram a base de sustentação do governo na Câmara, apoiaram a sua candidatura. Porém, o partido assegurou a Geraldo Alckmin (PSDB) a legenda para a sua candidatura.
Para que essa decisão fosse viabilizada, Serra teve de Geraldo Alckmin a promessa de apoiar o seu nome na disputa à Presidência em 2010. Serra e Alckmin disputaram a legenda em 2006 e Alckmin levou a melhor sobre Serra. Posteriormente, seria derrotado no segundo turno por Lula.
Kassab, aliado a PMDB, PTB PV, PSC e PR, terá o maior tempo no horário eleitoral gratuito, além de ter a máquina da prefeitura a seu favor. No rádio e na TV, Kassab terá à sua disposição mais de 18 minutos.
Para que esse tempo fosse viabilizado, o apoio do PMDB foi essencial. O presidente estadual do partido, o ex-governador Orestes Quércia, deve ter em troca, em 2010, o apoio do DEM a uma possível candidatura ao senado.
Retorno
Sem nenhum cargo político desde 2006, quando foi derrotado por Lula na disputa pela Presidência, Geraldo Alckmin vê nas próximas eleições a chance de voltar à evidência política. É outro que promete cumprir o seu mandato de prefeito integralmente, mas seu nome é ventilado dentro do partido como forte para as eleições para governador do Estado em 2010. O PSDB governa São Paulo desde 1994 e uma nova vitória seria a quinta consecutiva do partido.
Alckmin tem ao seu lado nesta disputa PTB, PHS, PSL e PSDC. O PTB indicou o nome de Campos Machado como o candidato a vice. Na hipótese de Alckimin se eleger e disputar o governo do Estado em 2010, o partido seria o principal beneficiado. "Podem ter certeza que se eleito cumprirei o mandato integralmente", diz Alckmin.
O ex-prefeito e deputado Federal Paulo Maluf (PP) disputa o cargo sem nenhuma coligação e com pouco mais de 5 minutos no horário eleitoral. Como vice terá a também deputada federal Aline Correa. Aline é filha de Pedro Correa, deputado cassado durante o escândalo do mensalão.
A volta de Maluf a uma eleição majoritária em São Paulo faz parte da estratégia do partido para eleger potencializar as chances de eleger uma bancada maior de vereadores. Nesta legislatura, o partido contra com três vereadores.
Soninha Francini, que disputa a eleição pelo PPS, terá 4 minutos no horário eleitoral. Eleita como vereadora pelo PT em 2004, deixou o partido e decidiu não disputar a reeleição.
Ela é a aposta do PPS para fortalecer o seu novo partido na capital paulista. "Todo partido que quer ser grande nacionalmente precisa de uma boa base em São Paulo. A Soninha tem um bom potencial para levar a mensagem do partido aqui", diz o presidente nacional do partido, Roberto Freire.
Anaí Caproni (PCO), Ciro Moura (PTC), Edmilson Costa (PCB), Ivan Valente (Psol), Levy Fidélix (PTRB) e Renato Reichmann (PMN) também disputam a prefeitura de São Paulo.