O Ministério Público de São Paulo instaurou um procedimento para investigar a suposta ligação do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Antônio Carlos Rodrigues (PR), o Carlinhos, no esquema que manteve aberto o prostíbulo de luxo W.E., principal elo da organização suspeita de mandar prostitutas para o exterior e lavar dinheiro desviado do BNDES. Segundo o MP, a Promotoria de Justiça e Cidadania é responsável pelo caso.
O jornal O Estado de S. Paulo publicou na edição de ontem parte das conversas telefônicas interceptadas. Segundo o jornal, Carlinhos estaria diretamente ligado a manobras que teriam permitido ao esquema manter aberta a casa W.E., apesar de falta de alvará e irregularidades na construção do prédio que ocupava na rua Peixoto Gomide, em Cerqueira César, na região central.
As escutas também mostrariam que o nome do chefe de gabinete da presidência da Câmara, Camilo Cristofaro Martins Junior, era outro envolvido na trama.
De acordo com o jornal, as interceptações telefônicas demonstraram ainda a participação de fiscais de prefeitura de São Paulo, assessores políticos da Câmara de Vereadores e policiais civis nas irregularidades para manter o prostíbulo aberto.
As conversas teriam ocorrido em março e abril. Nos telefonemas, um homem de confiança do vereador teria dito ao coronel da reserva da Polícia Militar Wilson de Barros Consani Junior de que Carlinhos trataria do problema com o prefeito Gilberto Kassab, nos dias 8 e 9 de abril. A assessoria da prefeitura apresentou a agenda do prefeito e disse que não havia despacho com o presidente da Câmara nesses dois dias.
Em nota divulgada, o vereador confirmou conhecer Consani Junior "por ter trabalhado com ele no serviço público" e disse que o coronel realmente o procurou para tratar "sobre uma casa de prostituição".
"Quando tomei conhecimento que a solicitação do coronel estava relacionada a uma casa de prostituição, determinei aos meus assessores que não adotassem nenhuma medida para o local continuar aberto", diz o vereador, acrescentando que não é de sua competência "determinar que um estabelecimento comercial qualquer seja aberto ou fechado" e que isso seria atribuição do Executivo. Rodrigues também se colocou à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos necessários.
Segundo o SPTV, Consani disse que houve um mal-entendido na interpretação dos telefonemas interceptados.