Com 'Indiana Jones 4', Spielberg retoma populares filmes de ação

 

TV - 27/05/2008 - 00:54:41

 

Com 'Indiana Jones 4', Spielberg retoma populares filmes de ação

The New York Times

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

"Isso é só recreação para mim" é uma das últimas coisas que você esperaria ouvir do diretor de um imenso e complicado filme de ação que será lançado na temporada de estréias do verão norte-americano, especialmente na reta final do trabalho. Mas foi isso que Steven Spielberg disse não muito tempo atrás, falando por telefone de um estúdio de som no qual estava supervisionando a edição de som de Indiana Jones eo Reino da Caveira de Cristal a retomada, depois de 19 anos, dos populares filmes de ação de uma série iniciada com Os Caçadores da Arca Perdida, em 1981. "Em 1989", Spielberg disse, em referência ao ano de lançamento de Indiana Jones e a Última Cruzada, "eu achava que era o fim da linha para a série, e por isso fiz que todos os personagens literalmente cavalgassem em direção ao crepúsculo, na cena final. Mas desde então a coisa que mais me perguntam, no mundo inteiro, era quando eu faria um novo Indiana Jones." Não seria difícil adivinhar que as redes de salas de cinema e os executivos da Paramount Pictures fizeram essa pergunta ao mesmo menos com tanta freqüência quanto o público comprador de ingressos, e talvez com uma sensação maior de urgência. Os três filmes da série, Indiana Jones e o Templo da Perdição foi o segundo, em 1984 - faturaram mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais, e isso contando apenas os cinemas. A antecipação, dos fãs e executivos igualmente, varia de ávida a dramática. E para a maioria dos cineastas expectativas como essas causariam pesadelos. "Estou me divertindo muito", diz Spielberg. E, por mais improvável que isso pareça, é difícil duvidar dele. Sua voz certamente parece animada, e o segredo dos filmes de Indiana Jones sempre foi sua inventividade incontida, uma atitude de desafio que não pode (ou deve) ser forjada, mesmo em uma produção de alto orçamento. Estranhamente, a autenticidade - não forçar a barra, em resumo - é algo que ocupa muito a atenção de Spielberg ao produzir filmes declaradamente exagerados como os da série, cujo herói (ainda interpretado por Harrison Ford) é um arqueólogo armado de chicote que chispa mundo afora em busca de artefatos raros e místicos e no processo se envolve em enrascadas com nazistas, soturnos cultos que praticam sacrifícios humanos e outros exemplos escancarados de malvadeza. Mesmo pelos padrões altamente flexíveis das histórias de aventura, os filmes de Indiana Jones representam um forte teste da capacidade da audiência para suspender a descrença. (Há momentos em que você sente que o filme todo pende, como o herói, de uma corda fina sobre um poço repleto de crocodilos vorazes.) A autenticidade que preocupa Spielberg neste trabalho difere do realismo histórico que ele retratou em A Lista de Schindler e Munique; ele está falando, na verdade, da integridade física da ação, que não falta, como seria de esperar em um filme da série. O tom e estilo dos filmes derivam dos seriados cinematográficos dos anos 30 e 40, que Spielberg, em sua infância passada em Scottsdale, Arizona, costumava assistir nos anos 50 em matinês aos sábados. "Eles me causavam ótima impressão, por serem tão emocionantes e tão toscos", diz. "Eu ao mesmo tempo me envolvia com as histórias e as ridicularizava. Em dada semana, o mocinho terminava o episódio suspendo de um precipício, ou em um carro que despencava e explodia lá embaixo. Mas na semana que vem ele reaparecia sem danos. Eles esqueciam de mostrar a tomada em que o sujeito escapava do carro. Não posso admitir algo assim em um Indiana Jone." De fato, diz Spielberg, ele procura cortar o menos que puder as seqüências de ação desses filmes, "porque a cada vez que a câmera altera seu ângulo dinâmico surge a sensação de que há algo de errado, de que alguma trapaça está em curso". Por isso, o objetivo dele é "filmar como Chaplin ou Keaton fariam, com tudo acontecendo diante dos olhos da audiência, sem corte". Ele se anima com o assunto, e prossegue. "A idéia é de que não haja ilusão. A pessoa está realmente vendo o que acontece. Meus filmes jamais recorreram a cortes frenéticos, como boa parte dos filmes de ação fazem, hoje em dia. Não estou criticando; parte desses cortes rápidos, como em O Ultimato Bourne, são fantásticos, me deixem sem respiração. Mas para tocar o lado cômico que desejo nos filmes de Indy, é preciso uma levada antiquada. Estudei muitos filmes antigos que me fazem rir, e é preciso encenar as coisas em tomadas longas e deixar a edição a cargo do espectador. É como se cada tomada fosse um número de circo". Em 1981, a abordagem que Caçadores da Arca Perdida recuperou era tão antiga que parecia nova. (É difícil lembrar agora até que ponto os filmes de ação haviam decaído; os filmes de James Bond, que eram muito movimentados nos anos 70, se tornaram palhaçadas de tamanho descomunal como Moonraker, na década seguinte.) Nos 27 anos transcorridos, praticamente todos os diretores de cinema de ação tentaram encontrar inspiração nos filmes da série Indiana Jones, para explorar o poder cinético (e comercial) quase místico que os filmes vieram a adquirir: o ritmo precisa ser rápido, quase frenético; as cenas de ação, imensamente complicadas; os vilões, muito malignos; e o herói irônico, intocável. A triste verdade é que a enorme influência de Indiana Jones não foi muito positiva. Os filmes de ação atuais são mais rápidos do que os de 30 anos atrás, mas bem menos compreensíveis. Trocam explicação por sensação, e não é por coincidência que esse gênero, que costuma lotar as telas da temporada de verão, seja muitas vezes descrito por meio de clichês do tipo "emocionante como uma montanha russa". Como uma montanha russa, de fato, eles podem ser tanto cansativos quanto sem propósito.

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