O vereador e médico legista George Sanguinetti, perito contratado pela defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, afirmou que as lesões na menina Isabella foram confundidas com asfixia. "Não houve violência que configura esganadura. Não há esganadura com uma mão só (...). O laudo (oficial) não está correto." Segundo ele, a causa da morte foi trauma craniano. "Ela tinha lesões múltiplas de cérebro, que foi isso que a matou."
Sanguinetti ressaltou que "os peritos esqueceram de correlacionar com lesões que são causadas com manobras de socorro de ressuscitação". Ele disse que a lesão da língua e da boca foram causadas pela tentativa do socorro de deixar as vias respiratórias da menina livres.
O perito afirmou que nunca viu "um laudo com duas causas-morte." Laudos da perícia oficial apontaram que a menina morreu vítima de asfixia mecânica, seguida de politraumatismo. De acordo com esses laudo, ela não sobreviveria mesmo se não tivesse sido jogada pela janela do apartamento em que viviam seu pai e a madrasta, réus na Justiça.
Segundo o laudo do Instituto de Criminalística de São Paulo, Isabella teria sido esganada durante aproximadamente 3 minutos, sofrido uma parada respiratória, explicadas pelas manchas encontradas no pulmão, no coração e nas pontas dos dedos. Depois disso, a garota teria sido jogada pela janela. Isabella caiu ainda com vida, mas sofreu politraumatismo, segundo o laudo do IC.
O perito disse que crê que Isabella estivesse consciente quando caiu. Segundo ele, pelos ferimentos da menina, ela teria estendido um pouco o braço para tentar aliviar a queda. "Mas eu não posso provar. O que eu não posso provar, eu não afirmo."
Justiça
Segundo o Sanguinetti, "documentos médico-legais realizados por peritos oficiais, laudos e pareceres médico-legais serão encaminhados ao ministério Público e ao juiz para que estabeleça o mérito. O juiz terá o poder de dar mérito ao meu trabalho ou de ignorar o meu trabalho".
"Esse trabalho que está feito aqui é nulo de direito. É um trabalho medíocre. Os colegas, por favor, corrijam", afirmou Sanguinetti. De acordo com o perito, "é comum haver erros. Quando eu critico, é porque tem falhas".
Isabella Nardoni, 5 anos, foi encontrada ferida no dia 29 de março no jardim do prédio onde moram o pai Alexandre Nardoni e a madrasta Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo. Segundo os Bombeiros, a menina chegou a ser socorrida e levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta da 0h.
O inquérito policial apontou que ela foi agredida, asfixiada e jogada do sexto andar do edifício. No dia 18 de abril, Alexandre e Anna Carolina foram indiciados por homicídio doloso, triplamente qualificado. No dia 6 de maio, o promotor Francisco Cembranelli denunciou e pediu a prisão preventiva do casal, aceita pela Justiça. Alexandre está preso na Penitenciária Dr. José Augusto Salgado (P-2), em Tremembé (SP), e Anna Carolina, na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, também em Tremembé.
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