De favelado a proprietário

 

Opinião - 21/05/2008 - 11:27:56

 

De favelado a proprietário

Presidente do CRECI-SP

 

Por José Augusto Viana Neto .

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

"O financiamento de 100% para imóveis usados, implantado pela CAIXA, longa e solitária reivindicação dos corretores, permitirá que até os que hoje moram em favela, não por falta de renda, mas por falta de fiador - os aluguéis, às vezes, são até maiores que os dos imóveis convencionais - troquem o aluguel pela prestação da casa própria e mudem de imediato. No Brasil, são 6 milhões de inquilinos, com 2 milhões de favelados", comemora o presidente do CRECI-SP, José Augusto Viana Neto. "O financiamento vai até R$ 130 mil, com juros menores e prazos mais longos, atendendo à parcela mais carente da população, que, até hoje, via a casa própria como um sonho irrealizável", continua. "Há milhões de imóveis usados que não tinham comprador e agora serão comercializados, alavancando a indústria, porque quem vende, compra", conclui Viana. Vem aí o fim das favelas Cinco milhões de imóveis poderão ser adquiridos por quem mora em favelas. É exatamente esta a constatação implícita em uma das mais importantes medidas na área da habitação, divulgada no último dia 7, e que está passando quase que totalmente despercebida pela imprensa especializada e pelas instituições do setor imobiliário brasileiro. Trata-se do financiamento de 100% do valor do imóvel com recursos do FGTS. Reivindicação dos corretores de imóveis há muitos anos, esse também é um dos principais tópicos do programa denominado Favela Zero, elaborado pelo CRECI-SP e adotado pelo Conselho Federal dos Corretores de Imóveis como bandeira dos intermediadores imobiliários de todo o País. Encaminhado à Presidência da República, ao Congresso Nacional, ao Ministério das Cidades e à CAIXA, o pedido foi finalmente atendido. Os valores de financiamento atendem uma faixa de mercado de pessoas que não dispõem de uma poupança para dar de entrada, que só podem assumir o valor das prestações e que jamais teriam condições de pagar um aluguel e poupar ao mesmo tempo para dispor deste valor. Muitos até têm o saldo no FGTS, porém se assustam em sacar o dinheiro para a compra do imóvel e, depois, ficarem desempregados, não tendo, com isso, condições de continuar pagando, o que resultaria na perda do imóvel e de todo o seu patrimônio, reunido a custa de anos de privações e sacrifícios. Vale lembrar que a alienação fiduciária, tão importante para a queda das taxas de juros, propicia a retomada do imóvel em curto espaço de tempo. Com certeza, iniciamos uma nova era no mercado de habitação do Brasil. Muitos incorporadores que se esquivavam de receber imóveis como parte de pagamento pela falta de liquidez, agora poderão aceitá-los. Além disso, muitas pessoas que não compravam imóveis novos por não conseguirem vender os seus usados agora poderão partir para o seu imóvel novo. O esplendoroso "boom imobiliário", até então experimentado somente por grandes investidores, bancos, seguradoras, incorporadores, etc, agora poderá ter novos e importantes atores: aqueles que mais precisam, os que, na verdade, compõem a grande massa que resulta no mega déficit imobiliário brasileiro que são as pessoas de baixa renda, muitos dos quais habitantes de favelas e palafitas pelo País. Uma medida sem meias palavras ou que necessite de explicações técnicas rebuscadas: apenas financiar 100% do valor do imóvel nos limites estabelecidos em função do sistema de amortização. Para o pagamento em até 240 meses, o cliente poderá financiar até 100% do valor da propriedade. Em até 300 meses, é possível financiar 90%. E de 301 a 360 meses, o percentual é de 80%. Para imóveis localizados no Distrito Federal e municípios das áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, o valor limite chega a R$ 130 mil. Em cidades com 500 mil habitantes ou mais, municípios do entorno do DF, demais capitais estaduais e regiões metropolitanas, o limite é de R$ 100 mil. Para outras cidades, de R$ 80 mil. Isso reitera, sem dúvida, as sugestões do Plano de Governo na área habitacional elaborado pelos corretores de imóveis e que sempre foi uma das prioridades do presidente Lula. Simples como se vê, a medida será de uma eficiência ímpar. Os quase cinco milhões de imóveis vagos em todo o País têm agora compradores. É o "boom imobiliário" que chega a quem precisa. Aos corretores de imóveis cabe agradecer pelo acatamento à sugestão, fazendo chegar ao conhecimento destas populações menos favorecidas a notícia que será a solução de seu problema de moradia. Com isso, um expressivo aquecimento no já cobiçado mercado imobiliário está por começar, comprovando que sempre há espaço para expansão e desenvolvimento.

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