À revelia da recomendação da oposição e de analistas financeiros de que o governo necessita cortar gastos para compensar a CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que, em nome da eficiência, vai continuar a política de contratações de servidores públicos.
Ele também indicou que deverá reajustar os salários da administração federal, que considera defasados.
"Se a gente quiser melhorar as agências e dar mais condição de trabalho, tem que contratar mais gente, se quiser melhorar o atendimento médico, tem que contratar mais gente, se quiser dar atendimento no balcão, tem que contratar mais gente. Como é possível melhorar as coisas se não contrata mais?", afirmou Lula, prevendo novos concursos públicos.
A declaração do presidente, que evitou conceder entrevistas, foi feita em discurso durante inauguração de reforma de agência da Previdência Social na zona sul de São Paulo em que a platéia era majoritamente formada por servidores. Às necessidades da Previdência ele acrescentou o aumento de escolas técnicas e de universidades.
"É preciso acabar com esta mania que se vende todo santo dia de que os funcionários públicos federais ganham bem. Na verdade, quase todos ganham mal. Apanho da imprensa todo dia: ''o Lula está contratando mais gente, está enchendo a máquina"'', disse, ao incitar os servidores a fazer passeata cobrando novas contratações.
Para o presidente, os servidores também devem obter sua parte nos bons resultados da economia, a exemplo, segundo ele, do setor privado, em que 86 por cento das categorias obtiveram aumento real de salário.
"Na medida em que a economia está crescendo... Nós temos que cumprir com a nossa parte: remunerar melhor os nossos servidores."
Lula ainda exemplificou a diferença salarial entre os setores privado e público ao relatar que um funcionário da Petrobras que recebia salário de 25 mil reais mensais foi contratado por uma empresa privada por 200 mil reais por mês. "Aí ele não é marajá, é eficiente e competente", ironizou.
Antes, em cerimônia na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) Lula criticou o senadores que rejeitaram, na madrugada de quinta-feira, a cobrança da CPMF a partir do ano vem, retirando 40 bilhões de reais do Orçamento do ano que vem. Segundo Lula, ao quererem atingi-lo, prejudicaram o próximo presidente e terão de explicar porque tiraram recursos de 24 bilhões destinados à saúde.
Ele disse ainda que programas do PAC, como o de urbanização de favelas, que receberão 40 bilhões de reais em quatro anos, não serão atingidos pelo fim do imposto do cheque.
|