Sob novo comando, a ordem no PSDB é mostrar união no partido e "camuflar" as bicadas internas entre dois tucanos. Potenciais candidatos da sigla para o Palácio do Planalto daqui a três anos, os governadores Aécio Neves, de Minas, e José Serra, de São Paulo, não estão poupando esforços para convencer os aliados internos de que cada um tem seus trunfos para ser o indicado. Embora na sexta-feira, em uníssono, o discurso de que Aécio e Serra estarão juntos em 2010 - embora não saibam como - os correligionários admitem, entreouvidos, que o partido terá de se submeter às prévias para escolher um deles. No momento, porém, a palavra de ordem é sinergia. Os mais otimistas não descartam uma chapa "puro-sangue".
"A chapa puro-sangue em 2010 é uma hipótese boa", argumenta o ex-presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), com uma ponta de sorriso. "Eles estarão juntos, pode apostar."
Essa possibilidade pode aparecer por força de um cenário, não por vontade própria. O Democratas (ex-PFL), tradicional aliado nas empreitadas presidenciais, quer lançar um candidato, mas não descarta apoiar o PSDB.
"Acredito também numa chapa pura. É factível. E o Jorge Bornhausen (ex-presidente do DEM) disse que nos apóia se sairmos com os dois tucanos juntos", observa o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Mas essa idéia de Tasso - referendada por outros grãos-tucanos além de Virgílio - esbarra no maior desafio do partido hoje: o ego dos dois presidenciáveis. Entrelinhas - e os aliados de ambos admitem - será difícil convencer um deles a ser o vice.
"Eu sou suspeito para falar. Mas aposto no Aécio na cabeça", brinca o deputado Nárcio Rodrigues (MG), vice-presidente da Câmara.
O colega Gustavo Fruet (PR) - não ligado a nenhum dos dois pré-candidatos - prega a unidade. Mas, na linha do partido, confidencia justamente o que o PSDB mais quer evitar no momento para os holofotes da mídia: a rivalidade entre mineiros e paulistas.
"Não pode haver esse constrangimento. Não é que não queiramos enfrentar as prévias, mas ainda é cedo", analisa.
"Cedo" é a palavra usada pelo ex-candidato à presidência Geraldo Alckmin. Fora dessa disputa - vai tentar a prefeitura de São Paulo ano que vem - o ex-governador paulista também evita citar o preferido. Esse assunto também está proibido, a preferência por um deles. É outra meta do partido sob o comando do presidente, senador Sérgio Guerra (PE). Engana-se, no entanto, o mais liberal dos tucanos que pensar o futuro do partido sem uma consulta prévia aos dois pré-candidatos. Outra meta do PSDB é levar tudo a Serra e Aécio, revela o líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio.
"Tudo que é feito, hoje, é discutido com Aécio e Serra", diz o deputado. "Poderá haver disputa nas prévias ou não. Vejamos como isso evolui. Eles têm consciência dessa união e jogam juntos há tempos."
Caberá ao comandante do partido, Sérgio Guerra, acalmar os ânimos dos dois presidenciáveis até lá. Será em sua gestão a escolha do nome. O PSDB tem chances de voltar ao poder - de acordo com recentes pesquisas - e não quer perder a oportunidade por causa de brigas internas.
O próprio presidente do partido vai na contramão do otimismo de Tasso sobre chapa única e reconhece hoje a disputa. Só deve ser tratada no momento certo, avalia.
"É absolutamente factível a realização de prévias. Não podemos ter dois candidatos disputando assim."
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