O Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu na quarta-feira à 4ª Vara Federal Criminal as duas primeiras denúncias de crimes cometidos por investigados pela Operação Persona, deflagrada em outubro pela Polícia Federal. A investigação diz respeito à atuação das empresas Cisco e Mude na montagem de uma cadeia de empresas interpostas no Brasil e nos Estados Unidos para a realização de diversas fraudes no comércio exterior. Os envolvidos, segundo a Receita, deixaram de recolher R$ 1,5 bilhão em impostos.
As duas primeiras denúncias, de cerca de 90 páginas cada uma, e documentos anexos, referem-se aos crimes de descaminho, na modalidade de importação fraudulenta, e uso de documento falso. Elas relatam pelo menos 16 importações fraudulentas realizadas entre 2006 e 2007, além do uso de notas fiscais falsas em operações de compra e venda.
A primeira denúncia atinge o ex-presidente da Cisco no Brasil, Carlos Roberto Carnevali, e mais dez pessoas entre sócios, diretores e funcionários do grupo Mude e What s Up (considerado o setor de importações da Mude). Carlos Roberto Carnevali, até bem pouco tempo vice-presidente da empresa para a América Latina, está preso preventivamente.
Entre os denunciados com Carnevali estão, segundo o MPF, José Roberto Pernomian Rodrigues, Helio Benetti Pedreira, Moacyr Alvaro Sampaio, Fernando Machado Grecco, Marcelo Naoki Ikeda, que também estão presos, e Reinaldo de Paiva Grillo, Marcílio Palhares Lemos, Gustavo Henrique Castellari Procópio, Everaldo Batista Silva e Leandro Marques da Silva.
A segunda denúncia foi proposta contra os diretores do denominado grupo K/E, Cid Guardia Filho, o Kiko, e Ernani Bertino Maciel, ambos presos preventivamente. Também foram incluídos dois de seus colaboradores, Marcos Zenatti e José Carlos Mendes Pires, além do diretor do grupo SAO, Paulo Roberto Moreira. Os diretores das empresas, segundo o MPF, cometeram descaminho e uso de documento falso. Já os colaboradores são acusados somente de descaminho.
Os procuradores da República Priscila Schreiner e Marcos José Gomes Corrêa, autores das denúncias, afirmam que as operações de compra e venda realizadas no esquema eram simuladas e objetivavam ocultar a real importadora dos produtos, que era a Mude, principal distribuidora dos produtos da Cisco no Brasil. Conforme o Ministério Público Federal (MPF), as operações fraudulentas do grupo, totalizaram US$ 370 milhões.
Segundo o MPF, a análise do material apreendido ainda não foi finalizada e, futuramente, poderá embasar novas acusações.
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