O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou na tarde dessa quinta-feira, após almoço oficial do presidente do Cazaquistão, Nusultan Nazarbáyev, no Itamaraty, que o PMDB tenha exigido cargos ou liberação de emendas para se alinhar completamente ao governo no Senado e aprovar a medida provisória que criava a Secretaria de Ações de Longo Prazo. Lula disse que não faz barganha, mas negocia fazendo acordos programáticos.
"Primeiro que não pediu nada. Eu não barganho assim. Eu faço acordo programático, eu faço acordo com o partido, mas não é possível você ficar barganhando qualquer votação que vai ao Congresso Nacional. O Senado não pediu nenhum cargo. Não existe nenhuma reivindicação. Eu sinceramente acho que esse é um problema que o líder do PMDB (senador Valdir Raupp) ou que o líder do governo no Senado (senador Romero Jucá) e que o coordenador político do governo (ministro Walfrido dos Mares Guia) vão resolver", comentou ao ser questionado se os senadores peemedebistas tinham feito exigências. Lula disse que não viu motivos para o Senado derrubar a medida provisória que criava a secretaria e que manterá o ministério ocupado pelo filósofo Mangabeira Unger.
"Eu acho que não havia nenhum motivo para que o Senado derrubasse a medida provisória que criava a secretaria especial. Vou agora a São Paulo a ao Rio de Janeiro. Na segunda-feira, eu tomarei a decisão do que fazer. O dado concreto é que vamos ter o ministério, porque nós precisamos. Eu estou querendo construir (o futuro), e por isso criamos a secretaria, para pensar o Brasil em 2022. Ou seja, a gente comece a maturar o Brasil que queremos entregar aos nossos netos e a nossos bisnetos em 2022", afirmou Lula.
Lula comentou ainda que não teme que a rebelião peemedebista de quarta tenha reflexos na votação da Propostas de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga a cobrança da CPMF e a Desvinculação de Receitas da União (DRU).
"Não temo isso porque as pessoas tem que ter responsabilidade. Essas coisas não são do meu interesse, essas coisas são do interesse do Brasil. Lamentavelmente, algumas pessoas não perceberam que levamos um século para fazer o Brasil chegar onde chegou. Eu acho que as pessoas precisam compreender apenas que quando um projeto chega ao Congresso Nacional, eu acho que o Senado e Câmara podem melhorar as coisas. Naquilo que eles pioram eu tenho direito de veto. Para mim esse exercício da democracia é uma coisa que eu respeito. Para mim essas coisas não são de deixar ninguém nervoso ou irritado, achando que o mundo acabou", salientou.
Ele classificou a derrota de ontem como "respiro forte". Lula disse ainda que perder numa votação "faz parte da democracia".
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