
O São Paulo demitiu Milton Cruz na tarde dessa quinta-feira. Desde 1994 no clube, o ex-coordenador técnico havia perdido espaço nos bastidores desde que o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, empossou a nova diretoria do Tricolor. Ele havia sido transferido para o novo núcleo de análise e desempenho no dia 05 de janeiro, mas continuava participando dos treinos diários no CCT da Barra Funda para ajudar o técnico argentino Edgardo Bauza a se comunicar com os jogadores.
Por diversas vezes Milton Cruz assumiu o comando interino do São Paulo quando técnicos eram demitidos. Na última delas, após o desligamento de Doriva, ele dirigiu a equipe na reta final do Brasileirão de 2015 e ajudou o clube a garantir uma vaga na Copa Libertadores desse ano.
Apesar de nunca ter sido unanimidade entre a torcida, o trabalho de Milton Cruz passou a ser alvo de críticas mais contundentes após ele comandar o São Paulo na goleada por 6 a 1 para o rival Corinthians, sofrida na penúltima rodada do último Nacional. A classificação à pré-Libertadores foi garantida na última rodada do torneio, com uma vitória por 1 a 0 sobre o Goiás, no Serra Dourada.
A demissão de Milton Cruz coincide com a ruptura de laços entre a diretoria de Leco e o empresário Abílio Diniz, membro do Conselho Consultivo do São Paulo, Abílio Diniz. Cruz contava com plena confiança do empresário, o que contribuiu para o isolamento no atual grupo. Após o deslocamento para o núcleo de análise de desempenho, Milton Cruz deixou de viajar com a equipe para os jogos e se queixava nos bastidores do tratamento recebido.
Fiel escudeiro do colombiano Juan Carlos Osorio, Milton Cruz deixou de aceitar um trabalho na seleção do México para continuar com o cargo no São Paulo. Com o remanejamento de cargo, contudo, a função que ele exercia no clube passou a ser ocupada por Rene Weber. Milton Cruz também havia se tornado um desafeto do ex-presidente Carlos Miguel Aidar, que renunciou após ser acossado por denúncias de corrupção. Aidar alegava que Milton Cruz influenciava nas escalações do Tricolor a mando de Abílio Diniz.
A assessoria do São Paulo informou que Milton Cruz deixou o CCT da Barra Funda por volta das 16 horas. Toda a diretoria estava reunida para discutir assuntos ligados ao clube. Um comunicado a respeito dos motivos que acarretaram no desligamento ainda é aguardado.
Reformulação
A saída de Milton Cruz é a segunda decisão tomada por Leco para reestruturar o departamento de futebol do São Paulo. Na última sexta-feira, Ataíde Gil Guerreiro deixou de ser vice-presidente de futebol para assumir as relações institucionais. Foi anunciado no mesmo dia o desligamento do diretor de futebol, Rubens Moreno. Para ocupar as funções foi empossado Luiz Cunha, que já tinha experiência nas questões administrativas do CFA de Cotia.