A presidente Dilma Rousseff (PT) se reuniu neste domingo com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) para tratar de divergências entre o governo e seu principal partido aliado, o PMDB. O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada.
Entre os pontos tratados, estaria a reforma ministerial, que ainda não acabou. Há uma disputa pela Secretaria dos Portos, que pode ficar com a bancada do PMDB da Câmara dos Deputados ou do Senado. Além disso, os dois teriam discutido sobre as candidaturas aos governos estaduais nas eleições.
Os problemas na relação entre o governo e o PMDB não são recentes, mas chegaram ao ápice nos últimos dias com trocas de acusações e xingamentos entre membros dos dois partidos, envolvendo inclusive o presidente do PT, Rui Falcão, e o líder da bancada peemedebista na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
A tensão subiu a ponto de trazer risco para a manutenção da aliança entre Dilma e seu vice, Michel Temer (PMDB), para a reeleição, com diretórios regionais do PMDB tentando antecipar a convenção nacional para decidir sobre o apoio à reeleição da presidente.
Para tentar encerrar a crise, Dilma também pediu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrasse em campo e ajudasse na articulação com os peemedebistas e acalmasse os ânimos. Lula, que esteve reunido com Dilma na quarta-feira, conversou com Raupp na quinta e ambos devem voltar a se falar nesta sexta.
Barrados no 'baile'
Um funcionário de baixo escalão, do planalto, comunicou a Temer, pouco antes do encontro com Dilma, que a presidente receberia somente o vice-presidente Michel Temer. O presidente do senado, José Sarney, o presidente da Câmara, Eduardo Alvares e o presidente nacional da legenda, senador Valdir Raupp, não foram recebidos por Dilma e não puderam adentrar no Planalto sendo obrigados a aguardar a saida de Temer para saber o que ocorreu no encontro.
O 'pito' de Dilma daria conta com relação às suas decisões sobre a indicação de novos ministros. Nesta semana Dilma receberia os presidentes do senado, câmara e da legenda individualmente para novos 'pitos'. A legenda do PMDB está sendo colocada contra a parede e sendo humilhada ao limite de acordo com analistas políticos.
Eleição no Ceará
Nas conversas que já têm mantido com o PMDB, Lula tem ouvido grande preocupação com a situação da aliança com o PT no Ceará e suas implicações no Congresso e na união nacional entre os dois partidos.
O senador Eunício Oliveira (PMDB), líder da bancada peemedebista, não abre mão se candidatar ao governo cearense e, munido de pesquisas, acredita que tem grandes chances de ganhar. Dilma, porém, tem preferência pelo projeto do atual governador, Cid Gomes (Pros), que indicará um sucessor para a disputa local.
O apoio de Dilma está ancorado na força que Cid fez para retirar forças da provável candidatura presidencial do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. No ano passado, o governador cearense tentou rachar o PSB a pedido da petista, mas não obteve êxito.
Sem espaço entre os socialistas, Cid se filiou ao recém-criado Pros e agora a presidente tenta recompensá-lo evitando a candidatura de Oliveira. Dilma quer nomeá-lo ministro durante a reforma ministerial, manobra que desagrada o PMDB e o senador.