O Google lançou nesta quinta-feira uma reformulação no seu algoritmo de busca, base do buscador mais usado na internet, para melhor lidar com as consultas mais longas e complexas que tem recebido de usuários da web. Amit Singhal, vice-presidente sênior de buscas, disse a jornalistas que a empresa lançou o seu mais recente algoritmo "Hummingbird" há cerca de um mês e que atualmente afeta 90% das buscas no Google no mundo.
O Google está tentando manter o ritmo com a evolução do uso da internet. À medida que pesquisas ficam mais complicadas, os sistemas tradicionais "Boolean" ou sistemas baseados em palavras-chave começam a deteriorar-se devido à necessidade de combinar conceitos e significados, além de palavras.
"Hummingbird" é o esforço da empresa para combinar o significado das consultas com o de documentos na internet, disse Singhal da garagem de Menlo Park, onde os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, conceberam o agora onipresente mecanismo de busca. "Lembra como era a pesquisa em 1998? Você sentava e ligava um grande computador, discava com seu modem barulhento, digitava algumas palavras-chave e recebia 10 links azuis para sites que tinham essas palavras", escreveu Singhal em um blog.
"O mundo mudou muito desde então: bilhões de pessoas estão online, a rede tem crescido exponencialmente, e agora você pode fazer qualquer pergunta no pequeno e poderoso dispositivo em seu bolso."
Page e Brin se estabeleceram na garagem de Susan Wojcicki - agora executiva sênior do Google - em setembro de 1998, quando criaram a empresa. Esta semana marca o 15º aniversário da companhia.
O que mudou no sistema de busca do Google?
O Google revelou que modificou o algoritmo que usa para hierarquizar as respostas às milhões de consultas que se fazem em seu motor de busca diariamente.
Mas o que isso quer dizer? Quando alguém quer saber qual foi o incidente que deu início à Primeira Guerra Mundial, ou qualquer outra coisa, escolhe as palavras-chave que considera que se relacionam com o tema.
Para descrever em termos simples um processo extremamente complexo - no qual podem influir cerca de 200 variáveis - isso é o que ocorre quando se clica no ícone de lupa que ativa a busca: o Google analisa as palavras individualmente e mostra uma lista com os links que considera mais relevantes.
Mas agora, com as mudanças que a empresa realizou no sistema, as palavras se processarão no contexto da frase, e não separadas. Segundo o Google, isso produzirá resultados muito mais exatos. O novo algoritmo foi batizado de Hummingbird (beija-flor, em português).
"Se trata de que o Google entenda a busca que a pessoa está realizando. Não se trata de analisar endereços de páginas, links, palavras-chave ou outros elementos que o motor de busca considera para hierarquizar a informação", explica Bill Hartzer, especialista em técnicas de otimização de busca (SEO, na sigla em inglês) e marketing, em seu blog.
Por exemplo, se alguém faz uma consulta sobre bombons de chocolate e o que quer saber é quando foi a primeira vez em que eles foram feitos na história, essa é a informação que deve obter do Google, não o link de uma receita de bombons.
A importância dos celulares
Outro elemento muito importante na mudança anunciada pelo Google é a importância dos telefones celulares no desenvolvimento das novidades.
"As mudanças do Google denotam uma mudança no paradigma, porque agora se pensa primeiro nos celulares e depois nos computadores de mesa. Muitos dos elementos do Hummingbird foram testados em celulares", afirma David Cuen, o blogueiro de tecnologia da BBC.
É por isso que a busca de voz, em vez da tradicional que se faz no computador, também foi otimizada no novo algoritmo.
"Ter uma 'conversa' com o Google deveria ser algo natural, o ideal seria que não fosse necessário digitar no celular para usar o Google. Não chegamos a esse ponto, mas já se pode fazer muito com a voz", disse Amit Singhal, vice-presidente de buscas do Google, quando as mudanças foram anunciadas.
"Por exemplo, nas próximas semanas se poderá dizer ao Google: 'me lembre que eu tenho que comprar azeite de oliva quando eu estiver no supermercado'. E quando você entrar na loja, vai ter um lembrete", afirma.
Dessa forma, a informação que a função de localização geográfica dos smartphones proporciona também otimiza os resultados que o Google pode dar.
Se o motor de busca foi usado no celular e dados pessoais foram compartilhados, como o lugar onde se vive ou o endereço de onde a pessoa trabalha, a informação que o Google fornece pode ser mais exata.
Assim, quando a pessoa quer saber quais são os melhores restaurantes italianos da cidade, há mais possibilidades de que as primeiras opções fornecidas pela busca estejam na zona na qual ela costuma transitar.