A hora da verdade

 

Opinião - 26/06/2013 - 11:24:57

 

A hora da verdade

 

Vicente Barone * .

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Vicente Barone é analista político, editor chefe do Grupo @HORA de Comunicação e foi professor de Marketing para 3º e 4º graus.

Vicente Barone é analista político, editor chefe do Grupo @HORA de Comunicação e foi professor de Marketing para 3º e 4º graus.

Gafes à parte, Luiz Marinho, PT, prefeito de São Bernardo e postulante à sucessão do governo paulista, precisa melhorar em muito o trato como estadista.

Primeiro precisa aprender a sair da confortável poltrona de seu gabinete e ir para as ruas. Como disse o jornalista Daniel Lima, Marinho precisa sair do ármário (leia-se gabinete).

Além disso, que não é pouco, pois um político que vive longe dos eleitores é algo considerado inaceitável, precisa também tomar cuidado com o que fala.

No último sábado, em Santo André, na chamada caravana da Macro PT ABC, em encontro que reuniu nomes de destaque do PT, Marinho disparou pérolas que estremessem qualquer base. Leia a reprodução publicada no Diário do Grande ABC de domingo:

Ao comentar sobre os protestos violentos realizados na noite de sexta-feira na região, com atos de vandalismo e saques em Mauá e em São Bernardo, o petista disse que foi um erro coletivo a redução da tarifa da Capital na semana passada, de R$ 3,20 para R$ 3,00 decorrente da pressão de manifestantes sobre o prefeito, Fernando Haddad (PT). “O certo seria fazer a correção (da tarifa) para R$ 3,40 em janeiro. Depois viria a MP (Medida Provisória) que reduziria para zero as alíquotas do PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e a passagem poderia ser reduzida para R$ 3,20”.

Olavo Setúbal dizia que: "Um bom administrador público é feito de excelentes assessores". Parece que isso não permeia os arredores de Luiz Marinho. Como podem assessores estarem tão fora da realidade sabendo do momento político que passa o país onde a população clama e exige atitudes sérias dos governantes.

Não é estranho reconhecer então o resultado da pesquisa Ibope realizada para a Rede Globo, onde a população, na sua grande maioria, mais de 85%, que esteve nas manifestações, afirmarem que não se sentem representadas pelos políticos atuais.

Daniel Lima, respeitado jornalista da região, escreveu:

A filosofia de mascate de Luiz Marinho, explícita na redução da tarifa depois do aumento cavalar sugerido, é digna de um mural que poderia ser erguido para reunir frases antológicas de autoridades momentaneamente ou não desprovidas de bom senso. Sugeriria que a muralha das bobagens tomasse todo o entorno de Brasília, a capital dos desperdícios. Os recursos financeiros que a viabilizariam a obra seriam retirados inapelavelmente do bolso de cada um dos falastrões.

O que mais deve estar assustando tanto o PT como os demais partidos, é que todas as manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas não possuem caráter político, como as que ocorreram nas Diretas Já ou no impeachment de Collor.

Os movimentos tiveram seu estopim no aumento das tarifas de transporte, mas ganharam amplitude ao abordarem temas como corrupção, falta de recursos para a educação e saúde, PEC-37, custo de vida e muitas outras insatisfações que assombram a vida dos brasileiros.

Como se não bastasse, Marinho ainda é de uma "falta de noção" política absurda ao comentar a presença de correligionários. Veja a reprodução do que publicou o Diário do Grande ABC:

Na abertura do encontro, que teve caráter estadual, Marinho reclamou da ausência de militantes petistas. Cerca de 180 participantes acompanharam a atividade, que tinha por objetivo traçar metas para a eleição de 2014, mas que se transformou num debate sobre as manifestações políticas pelo País. “A plenária está pequena. Nosso partido é maior que isso e se muitos não estão aqui é que algo está acontecendo na maneira como conduzimos os trabalhos”, disse Marinho. Ele também cobrou a participação de secretários municipais das cidades da região que a sigla governa. “Todos os secretários deveriam estar aqui”, esbravejou. Mas, apesar da cobrança do chefe do Executivo, apenas três integrantes de sua equipe de governo estavam presentes na reunião: a mulher dele e secretária de Orçamento e Planejamento Participativo, Nilza de Oliveira, o titular da Pasta de Governo, José Albino de Melo, e o secretário especial de Gabinete, Raimundo Silva.

Luiz Marinho precisa rever como se faz política no Brasil, não só ele, mas todos seus 'companheiros'.

As ruas ficaram coalhadas de pessoas que estão esgotadas com os desmandos dos governos petistas. Nunca se viu, na história desse país, tantos abusos, desrespeitos, omissões e falta de trato administrativo e político como o que ocorre agora.

A imprensa internacional deixou clara sua visão.

No português Correio da Manhã, Dilma foi acusada de realizar um discurso "vazio" e "com ideias antigas": "o Programa de Mobilidade Urbana, principal proposta de Dilma para satisfazer os movimentos estudantis, já foi apresentado em 2007, pelo ministro das Cidades Márcio Fortes e, um ano depois, com as mesmas medidas, pela ministra do Turismo Marta Suplicy. Além disso, o discurso da presidente foi ouvido como ameaçador, por repetir que o governo não 'transigirá com atos violentos', e que reprimirá 'a minoria autoritária', que tem promovido vandalismos".

Quer mais? Basta ler o artigo de Francisco Peregil, destacado como uma das principais manchetes da versão online do jornal espanhol El País com o emblemático título: "Brasil, chegou a hora da verdade".

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