Coreia do Norte recomenda saída dos estrangeiros da Coreia do Sul
Da Redação com AFP
Foto(s): AFP
Imagem mostra soldados norte-coreanos praticando tiros em uma foto do Ministro de Defesa da Coreia do Sul Kim Kwan-Jin
A Coreia do Norte voltou a proferir nesta terça-feira a ameaça de uma "guerra termonuclear" na península coreana e aconselhou aos estrangeiros que moram na Coreia do Sul que considerem deixar o país, com a advertência de que correm risco no caso de conflito.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, advertiu nesta terça-feira que a situação na Coreia do Norte pode ficar incontrolável, depois de reconhecer que o nível de tensão é muito perigoso.
"Um pequeno incidente pode desatar uma situação incontrolável", afirmou Ban ao falar da tensão na península coreana, em uma coletiva de imprensa ao término de um encontro com o papa Francisco.
"A península coreana se dirige para uma guerra termonuclear", afirmou o Comitê Norte-Coreano para a Paz na Ásia Pacífico em um comunicado divulgado pela agência oficial KNCA.
"No caso de uma guerra, não queremos que estrangeiros que vivem na Coreia do Sul fiquem feridos", completa a nota, que recomenda a "todas as organizações internacionais, empresas e turistas que se preparem para medidas de evacuação".
A Coreia do Norte, que enviou recentemente dois mísseis de médio alcance para a costa, advertiu na sexta-feira passada que a partir de 10 de abril não terá condições de garantir a segurança das missões diplomáticas na capital Pyongyang, alimentando os temores de um disparo de míssil ou de um teste nuclear iminente.
No entanto, nenhum país com representação em Pyongyang considerou necessário, até o momento, retirar os funcionários. Algumas capitais acreditam que esta é uma nova manobra de Pyongyang para aumentar a pressão.
Há várias semanas, a Coreia do Norte faz ameaças de guerra nuclear como resposta às sanções da ONU por um novo teste nuclear do país em fevereiro e pelas manobras militares que Estados Unidos e Coreia do Sul executam na península.
Uma fonte do governo sul-coreano confirmou na sexta-feira passada que a Coreia do Norte transportou de trem, no início da semana passada, dois mísseis Musudan de médio alcance para a costa leste do país, onde foram instalados em veículos equipados com dispositivo de tiro.
O Musudan tem alcance de 3.000 quilômetros, uma capacidade de atingir a Coreia do Sul ou Japão. Se transportar uma carga leve, pode alcançar 4.000 quilômetros e, em tese, chegar a Guam, uma ilha do Pacífico a 3.380 km da Coreia do Norte onde estão 6.000 soldados americanos.
O Japão informou nesta terça-feira que posicionou mísseis Patriot no centro de Tóquio para enfrentar qualquer disparo que ameace o país. Outras baterias antimísseis também serão instaladas na ilha de Okinawa (sul).
A China, poderoso aliado da Coreia do Norte, mas que também votou a favor das sanções contra o regime norte-coreano, pediu nesta terça-feira o fim da escalada de tensões na península, explicando que não deseja ver o caos na sua porta.
"A península coreana é uma vizinha próxima da China. A China não quer caos às suas portas", declarou Hong Lei, porta-voz da diplomacia china.
"Pedimos a todas as partes que priorizem os interesses de paz e de estabilidade da região, e que protejam os direitos e interesses legítimos, assim como a segurança, dos cidadãos de outros países", completou.
A Casa Branca saudou os esforços de Pequim e Moscou.
"Vamos continuar trabalhando com nossos sócios chineses, russos e de outros países para conseguir que a Coreia do Norte respeite suas obrigações internacionais", declarou o porta-voz da presidência americana na segunda-feira à noite.
Obstinada em uma escalada verbal e militar que ninguém sabe até onde pode chegar, Pyongyang retirou 53.000 norte-coreanos que trabalham no polo industrial binacional de Kaesong.
O complexo industrial fica na Coreia do Norte, a 10 km da fronteira com o Sul.
Desde quarta-feira, o Norte proíbe o acesso a Kaesong dos funcionários sul-coreanos e dos caminhões de abastecimento. Treze das 123 empresas sul-coreanas presentes no polo interromperam a produção por falta de matérias-primas.
Importante fonte de divisas estrangeiras para a Coreia do Norte, Kaesong sempre permaneceu aberto, apesar das repetidas crises na península, com exceção de apenas um dia, em 2009. Na ocasião, Pyongyang bloqueou o acesso para protestar contra as manobras militares conjuntas entre Estados Unidos e Coreia do Sul.
Uma fonte da União Europeia afirmou nesta terça-feira em Bruxelas que o bloco considera a possibilidade de endurecer as sanções contra a Coreia do Norte no caso de Pyongyang prosseguir em sua escalada.