O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a alta e subiu 0,86% em janeiro, após o avanço de 0,79% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. Trata-se da maior variação mensal desde abril de 2005, quando o aumento foi de 0,87%.
No acumulado de 12 meses até janeiro, o IPCA avançou 6,15% mês passado, a maior desde janeiro de 2012 (6,22%) e mostrando alta ante os 5,84% de dezembro. Com isso, o indicador se aproxima cada vez mais do teto da meta do governo para este ano, de 6,50%, o que pode colocar em risco a manutenção da Selic na atual mínima histórica de 7,25% por vários meses.
Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 0,84% no mês passado, segundo a mediana de 31 projeções, acumulando em 12 meses ganho de 6,13%. Para a variação mensal, as projeções ficaram entre 0,78% a 0,90%.
Os preços de Alimentos e de Despesas Pessoais continuaram pressionando o indicador, segundo informou o IBGE. O primeiro grupo mostrou alta de 1,99% em janeiro, ante 1,03% em dezembro, enquanto que o segundo registrou avanço de 1,55%.
Apesar de ter desacelerado em relação a dezembro (1,60%), o IBGE ressaltou que as Despesas Pessoais foram um dos principais impactos do mês passado no IPCA, com 0,16 ponto percentual. Há três anos, a inflação oficial brasileira tem ficado na parte superior da meta, tendo subido 5,84% em 2012. O cenário atual pode ser determinante para definir uma possível mudança na Selic.
O mercado futuro de juros já vem precificando as maiores preocupações com a inflação, embora ainda veja estabilidade da taxa básica de juros ao longo deste ano. O resultado do IPCA de janeiro veio um pouco abaixo de sua prévia, o IPCA-15, que no mês passado registrou alta de 0,88% também pressionado pelos preços de Despesas pessoais e de Alimentos.
IGP-M mantém alta de 0,41% na 1ª prévia de fevereiro, diz FGV
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 0,41% na primeira prévia de fevereiro, repetindo a taxa registrada no mesmo período de janeiro, com a força dos preços do setor de construção ofuscando a desaceleração tanto no atacado quanto no varejo, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
O indicador, entretanto, mostrou aceleração em relação ao fechamento de janeiro, quando houve alta de 0,34%, ante variação positiva de 0,68% em dezembro. Na primeira prévia de fevereiro do IGP-M, os preços no varejo passaram a perder força, depois de aceleraram em janeiro. O mercado agora aguarda o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, a ser divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE.
Na primeira prévia de fevereiro, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do índice geral, teve alta de 0,37%, ante avanço de 0,46% em igual período de janeiro.
Em relação à origem dos produtos, o resultado foi puxado pelos produtos agropecuários, com queda de 1,50%, após alta de 0,36% anteriormente, enquanto os produtos industriais aceleraram para 1,12%, ante 0,50%.
Entre os estágios de produção, os preços dos Bens Finais avançaram 1,05%, ante 0,93% anteriormente. Contribuiu para este movimento o subgrupo combustíveis, cuja taxa passou de -0,07% para 4,83%.
No segmento Bens Intermediários, houve aceleração da alta para 1,16%, ante 0,58% em janeiro. A principal contribuição partiu do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, que passou de -0,28% para 4,19%.
Tudo isso, entretanto, foi compensado pela queda do índice de Matérias-Primas Brutas de 1,31%, contra recuo de 0,18% no mês anterior. Os itens que mais influenciaram foram soja em grão (-2,89% para -9,32%), aves (2,55% para -2,25%) e mandioca (7,60% para 1,39%). O ano começou com desaceleração dos preços no atacado por conta da queda nos preços das matérias-primas brutas, como confirmado pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI).
Varejo
Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30% no índice geral, desacelerou a alta para 0,20%, contra 0,40% visto anteriormente. Duas das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação: Habitação (0,07% para -1,45%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,37% para 0,30%).
Na contramão, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou elevação 1,15%, acelerando ante variação positiva de 0,08% na primeira apuração de janeiro. O avanço do INCC, que responde por 10% do IGP, foi puxada pela mão de obra, com alta de 1,39% depois de não ter registrado variação em janeiro.
Além de medir a evolução do nível de preços, o IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel. A primeira prévia do IGP-M calcula as variações de preços no período entre os dias 21 e 31 do mês de janeiro.