A cúpula do G20 ainda nem começou oficialmente, em Cannes (França), e já está marcada pela tensão sobre o referendo anunciado pela Grécia para aprovar o pacote de ajudas de 130 bilhões de euros, proposto pelos principais credores do país para ajudá-la a diminuir o rombo nas contas públicas. À espera do resultado de uma reunião crucial que acontece hoje à noite entre o primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, e lideranças da Comissão Europeia, do FMI e do Eurogrupo, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, irão conversar com o presidente chinês, Hi Jintao, sobre a provável colaboração dos emergentes contra a crise na zona do euro.
A contribuição dos emergentes é um dos pontos que será debatido e talvez definido durante a cúpula. A China, que já investiu 500 bilhões de dólares em títulos das dívidas europeias, está disposta a contribuir no Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, criado para ajudar os países em crise. Entretanto, antes de dar este passo, o país aguarda mais certezas sobre a estabilidade da moeda única europeia, em risco devido à crise na Grécia e em outras economias importantes do bloco, como a Itália e a Espanha. Não à toa, Hu Jintao é o convidado especial de um jantar com o presidente francês hoje à noite, véspera da abertura da cúpula.
Já o Brasil demonstrou a intenção de ajudar os europeus indiretamente, aumentando a sua participação no Fundo Monetário Internacional, que participa de pacotes de ajuda aos países europeus em dificuldades. O assunto deve fazer parte da pauta de discussões entre Dilma e Ju Hintao.
A presidente brasileira também realiza encontros bilaterais com a primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, e com o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho, Juan Somavia. A cúpula de chefes de Estado e de Governo dos países do G20 se inicia oficialmente amanhã e termina na sexta-feira.
Antes disso, nesta noite, os líderes francês e alemã devem intensificar a pressão sobre o premiê grego para que o país demonstre comprometimento com as medidas de austeridade já adotadas e não ponha em risco o plano europeu de resgate da economia grega, aprovado há apenas uma semana, em Bruxelas. Da reunião com Papandreou, além de Sarkozy e Merkel, também participam a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Eurogrupo, Jean Claude Juncker.
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