Basta caminhar um pouco pela região central da cidade de São Paulo para vermos as rodinhas de fumantes. Não há hora específica. A qualquer momento do dia as calçadas estão sempre cheias de pessoas que, sem o menor constrangimento, lançam no chão as chamadas bitucas, que já compõem a paisagem das calçadas da cidade.
Falar em responsabilidade social ou sustentabilidade para essas pessoas é comprar briga. O problema antecede o conceito sustentável. É ainda maior: falta educação.
As instituições governamentais criaram as regras e impediram o uso do cigarro em ambientes públicos internos como no comércio, bares, restaurantes, cinemas entre outros. As empresas também seguiram as mesmas regras e acabaram com as áreas chamadas de fumódromo. Todavia, lavaram as mãos ao permitir que seus colaboradores possam se ausentar das atividades e dar uma “fumadinha” na calçada em frente à empresa. Pôxa, afinal de contas, a sujeira do lado de fora não é problema dela e sim do poder público. Os garis é que recolhem o lixo produzido pelos fumantes. Isso, quando o fazem. Enfim...
Isso não é sustentável! Tratar de sustentabilidade e esquecer os stakeholders é deixar de lado a responsabilidade social. A comunidade que vive ao redor das corporações também faz parte da sustentação da empresa e ela precisa ser cuidada. É como morar em apartamento e deixar as sacolas de lixo no hall ou na escada.
Outro dia, eu aguardava a abertura do semáforo – ou sinaleiro, como quiser – para atravessar a avenida São Luiz, bem no centrão de São Paulo, e observava um jovem com idade próxima dos 30, bem vestido, alinhado e que tomava alguma coisa em um copo plástico. Antes mesmo da abertura do sinal, o que ele tomava acabou e, adivinhem onde o copo foi parar! No meio fio, entre a via e a calçada. Logo atas dele havia uma lixeira de rua e havia outra do meu lado da via, sentido para onde ele viria. Aquilo me deixou indignado!
Mas, voltando a falar do cigarro, as empresas bem que poderiam colocar receptores de lixo, especificamente para bitucas de cigarro, em frente suas portarias, o que já evitaria a sujeira ao longo das caçadas. Isso, inclusive, faria a economia girar. Aumentaria a demanda para as empresas que fabricam esses receptores, que seriam obrigadas a contratar mais pessoas para aumentar a produção, gerando emprego, renda, tributos e, por aí vai.
Essa é uma ação de sustentabilidade e não é de “mentirinha”.
(*) Reinaldo Gomes é jornalista especializado em economia, gestão corporativa, gestão ambiental e de pessoas.