O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta quinta-feira que a alta recente do petróleo e a tragédia no Japão são elementos novos que aumentaram o grau de complexidade da definição da política monetária.
Segundo ele, a alta de até 24% dos preços do petróleo desde o início de manifestações em países árabes cria um fator de incerteza sobre as expectativas de inflação e o crescimento global.
"A atual precificação desses movimentos pode ainda estar sujeita a mais surpresas caso grandes produtores não consigam nivelar a oferta global", afirmou em discurso na cerimônia de posse da nova presidência da Febraban.
Além disso, disse Tombini, as consequências do terremoto no Japão podem levar à interrupção de cadeias produtivas e repatriação de ativos japoneses, criando incertezas sobre a demanda por importados e sobre as taxas de câmbio.
"Diante desses novos desdobramentos, devemos continuar a observar atentamente o quadro internacional, inclusive o seu efeito sobre o ciclo global de crescimento e sobre preços dos ajustes nas políticas de importantes economias."
Os comentários vêm uma semana depois da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que no início do mês decidiu elevar a Selic em 0,5 ponto, para 11,75%, em meio a esforços do BC para conter a inflação.
De acordo com Tombini, o quadro atual da economia demanda "um esforço analítico mais sofisticado do que o usual", já que há pressões correndo simultaneamente em direções opostas.
No caso da inflação doméstica, além da alta das commodities em curso desde a segunda metade de 2010, há também uma pressão de preços mais persistente no setor de serviços, provocada entre outros motivos pelas condições positivas do mercado de trabalho.
Para Tombini, a junção desses fatores está criando um descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda, que "tende a recuar com a desaceleração da atividade".
Ele frisou o teor da ata do Copom de que o BC está ciente de que a inflação acumulada em 12 meses deve seguir elevada nos próximos meses também por causa da inércia trazida de 2010.
"(Mas) no final de 2011, configura-se uma tendência declinante para a inflação, deslocando-se na direção da trajetória de metas", afirmou.
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Gustavo Cunha fala sobre as consequências da tragédia no Japão na economia
O Ministério da Fazenda aumentou a previsão par a inflação deste ano em 0,5p.p., para 5%. Vendas de automóveis caem 7,1% em janeiro de 2011.
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