Estréia "A Origem" com Leonardo DiCaprio

 

Lazer - 08/08/2010 - 22:55:47

 

Estréia "A Origem" com Leonardo DiCaprio

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Christopher Nolan novamente desafia convenções e entrega outra ode de amor ao cinema em um dos blockbusters mais inteligentes e inovadores da história.

Christopher Nolan novamente desafia convenções e entrega outra ode de amor ao cinema em um dos blockbusters mais inteligentes e inovadores da história.

No final de “O Grande Truque”, há um discurso do personagem vivido por Hugh Jackman naquele filme no qual é falado que o papel da arte é tirar o ser humano de um mundo prosaico e levá-lo a acreditar em algo além da mediocridade. De certo modo, Christopher Nolan continua o discurso daquele longa neste maravilhoso “A Origem”, desta vez lidando com a temática dos sonhos de um modo bem diferente de interpretações anteriores.

Trabalhando com um roteiro de sua própria autoria, e que encontra ecos em toda a sua filmografia, aliás, o cineasta nos apresenta a seu personagem principal, Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), um ladrão profissional especialista em subtrair segredos industriais diretamente do subconsciente das suas vítimas através de seus sonhos.

Cobb e seu parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt) são contratados pelo misterioso Saito (Ken Watanabe) para realizar um serviço diferente do que estão habituados e, teoricamente, quase impossível: inserir uma ideia no subconsciente do bilionário Robert Fischer (Cillian Murphy).

Trabalhando com uma equipe bem eclética, que conta ainda com a arquiteta Ariadne (Ellen Page), o químico Yusef (Dileep Rao) e o “falsificador” Eames (Tom Hardy), Cobb ainda esconde um segredo potencialmente letal de seus companheiros, algo que remete a uma tragédia envolvendo sua esposa Mal (Marion Cotillard).

Evito falar o máximo possível dos pormenores da trama, pois esta é um intricado labirinto que se desenvolve de forma fabulosa frente ao espectador e seria uma afronta a este a revelação de qualquer informação que estragasse a experiência de conferir o desenrolar da narrativa por si. Nolan fez algo raro para os realizadores contemporâneos (de qualquer arte), que é confiar na inteligência de seu público, acreditando que este é capaz de compreender uma obra que não tenta se explicar a cada dez minutos.

Não que o filme queira deixar o espectador perdido, longe disso, mas as respostas e pistas apresentadas no filme surgem de maneira orgânica, dentro da própria história. Conceitos interessantes são abordados de forma econômica e precisa pelo cineasta, deixando que o público resolva certos mistérios apresentados, participando de forma ativa do filme, principalmente de seu final que, de maneira brilhante, deixa margem para as mais diversas interpretações.

Do ponto de vista técnico, o longa é virtualmente perfeito. Lidando com diversos níveis de realidade, seria fácil para o espectador se perder durante a película. Neste sentido, aparece a genialidade de Nolan e a competência e dedicação do montador Lee Smith, que conseguem tornar a narrativa do filme não só compreensível como também irresistível.

Elogiar o trabalho do cinematógrafo Wally Pfeister seria redundante. Nolan, Pfeister, o veterano desenhista de produção Guy Hendrix Dyas e a equipe de efeitos especiais da fita a transformam em um verdadeiro banquete para os olhos dos espectadores. Cada objeto de cena, cada enquadramento e todas as sequências que envolvem efeitos, sejam estes práticos ou digitais, tem a sua razão de existir, sempre servindo à história.

Exemplo disto é a cena do café, no qual Nolan realiza uma série de explosões de um modo tão diferente e criativo que se torna mágico olhar para a destruição daquele sonho. Aliás, todas as cenas em câmera lenta no filme são tão bem retratadas e encaixadas na narrativa de maneira tão orgânica que fica difícil imaginar diretores utilizando tal recurso de maneira indiscriminada a partir de agora.

Possibilidades de paradoxos e da torção da realidade onírica por elementos internos e externos também são muito bem retratadas pela equipe, embora possa frustrar aqueles que esperavam algo mais psicodélico. Mas faz sentido dentro da lógica da produção, já que o próprio filme deixa claro que o excesso de elementos estranhos à realidade faria a vítima e seu subconsciente perceberem a presença de elementos estranhos.  Uma entrega de Nolan ao bizarro e ao estranho fugiria completamente da proposta do filme e até da própria filmografia do cineasta.

As diversas cenas de ação do filme também se aproveitam do cenário mental da produção e resultam em sequências inovadoras, relevantes e memoráveis, em especial a luta em gravidade zero protagonizada por Arthur e a perseguição automobilística no começo do segundo ato merecem uma menção especial. Devo ressaltar ainda a fantástica trilha sonora de Hans Zimmer que, além de estabelecer o clima para as cenas de ação, consegue ainda aumentar a tensão presente em um filme que já é tenso por natureza.

Nolan novamente reúne um elenco estrelar, que ainda ganha o reforço de veteranos como Pete Postlehwaite, Tom Berenger e Michael Caine, ator que já virou figura carimbada nos trabalhos do diretor. Mesmo com tantos talentos reunidos no mesmo trabalho, fica difícil citar destaques, pois estão todos uniformemente perfeitos em seus papéis.

DiCaprio surge em cena como um homem competente, mas fragilizado. Tal fragilidade não surge não só pelos efeitos colaterais de seu ofício, mas principalmente por suas experiências pessoais. Cobb, aliás, possui conflitos e inseguranças bastante similares aos sofridos por Teddy, personagem vivido pelo ator em “Ilha do Medo” e seria fácil para ele apenas repetir a seu desempenho naquele trabalho, mas ele resolve ir além e transforma Cobb em uma figura completamente tridimensional.

Marion Cotillard também surge honrando a sua a missão de retratar em cena uma clássica e tentadora femme fatale que é, ao mesmo tempo, uma tentação, uma ameaça e um objetivo para Cobb. Mal é mostrada de maneira menos profunda, se assemelhando mais a um arquétipo o que, acreditem, não é nenhum demérito para Cotillard ou para o roteiro. Há ainda uma brincadeira no com uma menção ao papel mais famoso da atriz, em um easter egg fabuloso para os cinéfilos.

Os demais personagens podem não ser tão desenvolvidos, mas não deixam de ser interessantes. Joseph Gordon-Levitt e Ellen Page, além de dividirem uma ótima cena, ainda possuem uma ótima química com DiCaprio. Tom Hardy transforma seu Eames em um adorável canalha e Ken Watanabe surge soberbo como o misterioso Saito. Cillian Murphy surge um tanto quanto passivo no filme, mas tem seu momento ao sol durante o terceiro ato da produção.

Christopher Nolan segue sem erros em sua carreira como cineasta e “A Origem” deve ser lembrado não apenas como um dos melhores filmes de 2010, mas também como um dos blockbusters mais inteligentes e originais da história do cinema. Não seríamos nós, cinéfilos, intrusos nos sonhos dos diretores e produtores? Há um pouco de Don Cobb em cada um de nós, principalmente quando a nossa realidade se torna menos atraente que a ficção.  Recomendado.

Christopher Nolan novamente desafia convenções e entrega outra ode de amor ao cinema em um dos blockbusters mais inteligentes e inovadores da história.

Christopher Nolan novamente desafia convenções e entrega outra ode de amor ao cinema em um dos blockbusters mais inteligentes e inovadores da história.

Christopher Nolan novamente desafia convenções e entrega outra ode de amor ao cinema em um dos blockbusters mais inteligentes e inovadores da história.

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