Especial Copa 2010
Ansiedade
Para o técnico Dunga, a Seleção Brasileira precisa diminuir a ansiedade de chegar ao gol do adversário. O comandante tenta fazer o ajuste antes da estreia na Copa do Mundo, no dia 15, contra a Coreia do Norte. Na última quarta-feira, o time fez o primeiro amistoso de preparação para a competição, diante do Zimbábue, e venceu por 3 a 0.
"Em todos os setores temos que analisar pontos positivos e negativos. Tudo tem que evoluir, a reposição da equipe, a velocidade na saída, trabalhar mais a bola. No primeiro jogo, nós temos ansiedade de chegar ao gol do adversário", disse.
Como resultado, a "ansiedade" do Brasil rendeu várias chances de gol ao Zimbábue no primeiro tempo. Com um maior tempo de posse de bola, os africanos exigiram uma grande defesa de Gomes, chutaram uma bola na trave e perderam uma oportunidade cara a cara com Júlio César.
"Acabamos fazendo muitos lançamentos, a equipe fica espaçada", continuou Dunga. "Quando nós jogamos mais agrupado, segurando mais a bola, temos mais chance de chegar ao gol. Aos poucos vamos diminuindo isso na equipe".
Nesses dias que antecedem a primeira exibição brasileira no Mundial, marcada para as 15h30 (de Brasília) de 15 de junho frente à Coreia do Norte, o nervosismo pega em cheio até um veterano de três Copas do Mundo: o próprio Dunga, que jamais participou de uma competição desse nível como treinador.
"A ansiedade ainda nao me pegou, vai pegar mais perto da estreia", afirmou ele. "Antes (como jogador) eu ia treinar, voltava e descansava. Agora, enquanto os caras descansam, eu tenho que ficar pensando junto à comissão técnica. A gente se preocupa com tudo, no final a cobrança é em cima do treinador".
Capitão da Seleção campeã do mundo em 1994, Dunga ainda atuou nos torneios de 1990, quando o time foi eliminado nas oitavas de final pela Argentina, e de 1998, quando a derrota para a França veio na final.
A Bola da Copa
O técnico Dunga respondeu com duras críticas aos comentários do secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, sobre a Jabulani, a bola que será utilizada na Copa do Mundo. Depois das reclamações dos atletas brasileiros, o cartola disse que os jogadores do time pentacampeão "estão procurando um culpado".
"É só ele jogar... se ele testar a bola, vai ter uma opinião diferente. O cara nunca entrou em campo, nunca deu um chute na bola, sabe? É complicado", apontou Dunga em entrevista concedida nesta quinta-feira em Johannesburgo.
Desde a chegada à África do Sul, na última quinta-feira, vários jogadores da Seleção reclamaram da Jabulani. O atacante Luís Fabiano a chamou de "sobrenatural", o volante Felipe Melo, de "patricinha", e o goleiro Júlio César atacou o que seria uma "bola de supermercado".
Bastante irritado, Dunga chegou até a lançar um desafio para Valcke, convidando-o a participar de um treinamento com o testemunho dos jornalistas brasileiros. "Vamos trazê-lo aqui num treino e botar para dominar a bola", ironizou.
Nesta quarta-feira, o secretário-geral da Fifa admitiu que não poderia dar sua opinião sobre o assunto como um especialista, mas lembrou que o material foi entregue para os times em fevereiro passado. "Agora que está chegando próximo da Copa, as equipes têm que procurar algum tipo de reclamação, mostrar algum medo", afirmou.
Completando o seu raciocício, Dunga lembrou que outros participantes do Mundial também não aprovaram a bola. "Não foi só o Brasil que reclamou, todos os jogadores de Copa da Uefa (atual Liga Europa), Champions League (Liga dos Campeões da Europa), estão reclamando. Mas está aí, tem que se adaptar, não tem jeito", completou.
Nos últimos dias, o goleiro Gianluigi Buffon e o atacante Gianpaolo Pazzini, da Itália, também consideraram a Jabulani ruim em conversa com os repórteres. O goleiro espanhol Iker Casillas, na semana passada, já havia feito críticas parecidas. Na última terça-feira, foi a vez de o técnico da Dinamarca, Morten Olsen, mostrar sua irritação quanto à Jabulani depois da derrota de sua equipe por 1 a 0 em um amistoso contra a Austrália.
Kaká
O técnico Dunga comentou a atual situação de Kaká, que não está em 100% da sua forma para a estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da África do Sul. Segundo o treinador, não se pode comparar o desempenho do craque com o passado.
"Não pode fazer uma comparação do Kaká de um ano atrás para agora. Tem que ver o que ele fez para o coletivo", disse Dunga, um dia após a vitória no amistoso com o Zimbábue por 3 a 0.
"Foi boa (a participação dele), ele vem crescendo. No primeiro treino coletivo ele estava meio ansioso, é normal a cabeça dele querer fazer aquelas arrancadas. Ele vai pegando mais a dinâmica do jogo, se movimentando, se soltando", analisou.
"Ontem (quarta-feira) ele já tentou mais, fez passes, cruzamentos, tabelas, viradas de jogo. A tendência é ele ir melhorando a cada dia", completou Dunga, que substituiu Kaká por Júlio Baptista no intervalo do amistoso contra Zimbábue.
Kaká ficou 45 dias sem jogar neste ano no Real Madrid por causa de uma lesão na coxa. Desde que voltou ao Brasil após a temporada europeia, o meia faz tratamento intensivo. Segundo o departamento médico, não há mais lesão. Agora ele tenta retomar o ritmo de jogo.
Assista aos melhores momentos da entrevista com Dunga abaixo.
