O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta quarta-feira que a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é decidir ainda em seu governo sobre a compra dos 36 caças que vão renovar a frota brasileira.
"O presidente quer decidir nesse governo, quer decidir agora", disse Jobim, após participar de audiência pública na Câmara dos Deputados.
Na reunião, ao refazer o histórico do processo de compra das aeronaves, o ministro lembrou que seu início foi em 1995 e que ex-presidente Fernando Henrique Cardoso preferiu deixar a decisão para seu sucessor.
O panorama mudou desde então, segundo Jobim, porque o prazo limite de uso da frota atual está próximo do fim. "Há oito anos, estávamos distantes de 2014, que é o período da obssolescência (da frota). Temos que antecipar essa decisão agora".
Jobim afirmou que deverá finalizar sua exposição de motivos a respeito da compra dos caças até a próxima semana. No relatório, que será apresentado ao presidente Lula, ele deverá apontar qual a melhor opção entre as ofertas recebidas e também quais devem ser os parâmetros da negociação.
A exposição de motivos será submetida também à análise do Conselho Nacional de Defesa. Diante do veredicto do conselho, o presidente Lula deverá decidir com qual empresa as negociações serão encaminhadas.
"Não existe decisão final. Existe a decisão de que poderá haver o início das negociações com determinada empresa. Se essas negociações vão ser bem sucedidas, vai depender do que virá depois", afirmou.
Investigação
O ministro da Defesa também comentou o inquérito instaurado pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) para investigar a compra dos caças pela Força Aérea Brasileira (FAB). O MP quer apurar a preferência pelo Rafale, da francesa Dassault, que tem preço maior que o das concorrentes Saab, da Suécia, e Boeing, dos Estados Unidos.
"Recorrer ao Poder Judiciário é um direito de cada um, inclusive do Ministério Público. Agora, se ganha ou não ganha, se tem ou não razão, é outro problema", disse o ministro.
Jobim disse ainda não ter feito uma análise comparativa dos preços, mas disse que a questão da transferência de tecnologia é fator fundamental nas negociações. "Aí vem a questão fundamental: interessa um preço X com capacitação nacional ou preço X menos 1 sem capacitação?".