País é despreparado para anomalias climáticas

 

Nacional - 07/04/2010 - 19:44:47

 

País é despreparado para anomalias climáticas

 

Da Redação com AFP

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O Rio de Janeiro, que nesta terça-feira amanheceu mergulhado no caos por causa de chuvas contínuas que já deixaram mais de 90 mortos, é um exemplo do despreparo do Brasil para enfrentar as anomalias climáticas, que nos últimos meses causaram grandes desastres na região Sudeste, afirmam especialistas.

Estradas inundadas que paralisam o comércio, engarrafamentos, desmoronamentos de casas e deslizamentos de terra são as cenas mais comuns que se seguem aos temporais nas cidades superpovoadas da região, especialmente na temporada de chuvas, de dezembro a março. O Sudeste abriga as principais metrópoles do Brasil: São Paulo, com 20 milhões de habitantes, e Rio de Janeiro, 6 milhões.

A situação do Rio "é um bom retrato da falta de preparo absoluto das grandes cidades brasileiras a qualquer tipo de anomalia climática", afirmou o sociólogo Sérgio Abranches, comentarista de ecologia e política da rádio CBN.

"Embora hoje haja tecnologia de monitoramento - dados, instrumentos - o que não há é um mapeamento das áreas de risco (...) Então, falta a informação sobre o nível de vulnerabilidade do terreno", disse Eymar Lopes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que desenvolve um programa de alerta climático. A falta de informação impede o alerta da população.

Enquanto a consultoria privada Climatempo mantinha desde a manhã desta terça-feira um alerta de chuvas e riscos de deslizamentos de terra para o Rio de Janeiro, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet, oficial) tinha previsão de "chuva significativa" para a região.

O Rio de Janeiro, que sediará os Jogos Olímpicos de 2016, é "uma metrópole construída em um lugar que devia ser destinado a ser um parque nacional; é um lugar que não é propício" para uma cidade tão grande, disse, em entrevista à GloboNews, André Urani, especialista do Instituto de Trabalho e Sociedade. "A limpeza urbana, as pessoas que vivem em áreas de risco e pontos de inundação que se encontram abaixo do nível do mar" são, segundo Urani, as principais falhas estruturais da capital fluminense, e provocam sua paralisação depois de mais de 20 horas de chuvas.

Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu a gravidade da situação, vinculada aos problemas de construção na cidade. Lula, que está no cargo há oito anos, criticou os "desmandos administrativos neste País, 40 anos atrás, quando se permitiu que as pessoas vivessem de forma desordenada, em morros, construindo conjuntos inadequados de casas", e assegurou que as autoridades desenvolvem projetos de melhorias nestes bairros carentes. Apesar disso, o orçamento para 2010 do governo federal destinado à prevenção de desastres caiu 55%, para 168 milhões de reais, segundo o último informe da ONG Contas Abertas. O programa de resposta a desastres para este ano é de R$ 1,1 milhão.

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