Por conta de um ajuste de cálculo devido à variação cambial, a Telefonica (Telesp), controlada pelo grupo espanhol Telefónica, afirmou ontem que não vai cumprir os investimentos previstos para 2009 - R$ 2,4 bilhões -, devendo ficar pouco abaixo disso, segundo Antônio Carlos Valente, presidente da empresa no Brasil. Os investimentos para 2010, segundo ele, devem ser de pouco mais de R$ 2 bilhões.
Segundo Valente, o foco da empresa no próximo ano será a banda larga. " A Telefonica tem como prioridade absoluta a banda larga e os produtos que a cercam", afirmou ontem o executivo. A operadora investiu, até o terceiro trimestre deste ano, cerca de R$ 1,4 bilhão e deve lançar seu programa de banda larga popular até o final de janeiro próximo. Segundo Valente, a empresa faturou no terceiro trimestre do ano R$ 151,6 milhões com o Speedy, produto específico de banda larga.
O produto, anunciado em outubro e que conta com um apoio do governo do estado com isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), deve excluir, no entanto, os usuários que já possuam linhas telefônicas da empresa, segundo Fábio Bruggioni, diretor executivo para área residencial da companhia. A situação é o inverso do que havia sido anunciado inicialmente, quando o produto seria oferecido apenas aos clientes que já possuíssem linhas da empresa. Bruggioni explica que serão usadas tecnologias sem fios - Wi-Fi ou Wi-Mash - que distribuirão o sinal do centro da rede da operadora às áreas atendidas pelo produto de banda larga popular.
O produto, que, segundo o decreto do governador do estado, José Serra (PSDB), deve custar R$ 29,80, vai atender uma base de clientes um pouco menor do quea que teria se fosse estendido a todos os clientes - inclusive aos com linha. "A perspectiva de negócio é que o cliente migre para planos maiores", diz o executivo.
"Em volume, fica do lado de fora da banda larga popular mais gente que tem telefone mas não tem internet do que o contrário", explica o executivo. "Mas o viés do decreto é social", conclui.
A tecnologia sem fios para a banda larga popular, segundo Bruggioni, vai exigir da empresa um investimento maior do que seria gasto se fossem usados cabos de cobre, mas com o volume esse custo diminui. "Vale a pena porque é um investimento em futuro", afirma Bruggioni. Segundo ele, o plano de negócios é que o investimento neste programa se pague em 20 anos.
Vivendi
A Telefonica tenta desvencilhar-se do fantasma da compra da GVT - concorrência que perdeu para a francesa Vivendi - dizendo que a atuação da companhia não deve interferir no mercado de São Paulo. Para Valente, a empresa ainda aguarda os resultados das investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito da "operação pouco ortodoxa" praticada pela concorrente.
"Provavelmente deve haver outros competidores mais preocupados" com a entrada do novo player no mercado, declarou o presidente da empresa. Segundo Valente, o montante que a empresa aportou para a aquisição da GVT, que não aconteceu, deve ser usado para aquisições futuras de redes menores. "Só acho ofensivo dizer em quem temos interesse antes de comunicá-los", afirmou.
Concorrência
A Companhia de Telecomunicações do Brasil Central (CTBC), empresa controlada pelo grupo Algar, anunciou aporte de R$ 144 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para expansão e modernização em tecnologia.
O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, afirmou ontem que investirá menos do que o previsto este ano por conta de ajustes cambiais, uma vez que o dólar deve fechar o ano abaixo do previsto. A empresa deve manter para 2010 os R$ 2 bilhões de investimentos que fará em 2009.
Para o executivo, a "prioridade absoluta" da empresa será a banda larga e o programa Banda Larga Popular, adiado desde 9 de novembro e que deve sair em janeiro para atender a quem não for cliente da Telefonica em telefonia fixa.
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