O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou "inaceitáveis" as ameaças que o governo de fato de Roberto Micheletti fez à embaixada do Brasil em Honduras, onde o presidente deposto desse país, Manuel Zelaya, está hospedado desde a semana passada.
Ban também disse que a grave situação em Honduras foi agravada pelo "estado de emergência" decretado pelas autoridades. "Estou muito preocupado com a situação em Honduras. O estado de emergência aumenta as tensões", disse Ban durante uma entrevista coletiva nas Nações Unidas.
O secretário-geral disse ainda que estava "atento" à decisão do Congresso hondurenho de rejeitar a suspensão das liberdades civis, tal como decidiu no sábado o governo de fato de Micheletti. Também pediu o "pleno respeito" às garantias constitucionais, incluindo as liberdades de associação, expressão e movimento.
O governo de fato de Honduras fechou na segunda-feira dois meios de comunicação que apoiam Zelaya, sob o argumento de dispor de provas de que ambos incitavam à violência.
Ban pediu também aos partidários tanto de Zelaya quanto de Micheletti que "se comprometam seriamente com os esforços a favor do diálogo e da mediação regional", e ressaltou que a "ONU está preparada para prestar a assistência" que for necessária.
Outro assunto ligado à crise hondurenha que preocupa Ban é a situação da embaixada do Brasil em Honduras, onde Zelaya está abrigado desde 21 de setembro, após ter retornado a seu país de surpresa.
"As ameaças à embaixada do Brasil em Honduras são inaceitáveis. A lei internacional é clara: a imunidade soberana não pode ser violada", lembrou o secretário-geral da ONU ao governo de fato.
Além disso, qualificou de "intoleráveis" as ameaças ao pessoal da embaixada. Ban lembrou que o Conselho de Segurança da ONU "condenou esses atos de intimidação, e eu faço o mesmo, nos mais firmes termos".