O ex-ministro da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu afirmou, na noite de ontem, terça-feira, em Fortaleza (CE), que põe em xeque os índices de rejeição alcançados por Dilma Rousseff (PT) na última pesquisa CNI/Ibope com os pré-candidatos à Presidência da República. A ministra da Casa Civil chegou a somar 40% de reprovação dos entrevistados, índice mais alto.
Para Dirceu, se o governo federal tem boa aceitação e o presidente Lula ultrapassa os 50% de popularidade, não há motivos para a petista ser refutada de forma tão expressiva. "Pesquisa é fotografia de momento. Essa pesquisa eu coloco em dúvida. Toda ela", disse.
Ele rejeitou a ideia de que Dilma não tem empatia junto ao eleitorado. Nesse momento, usou as mesmas pesquisas pouco antes criticadas para enaltecer o desempenho da colega. Contudo, também atribuiu o crescimento nesses levantamentos ao carisma de Lula. Uma espécie de transferência de intenções de voto.
"A ministra Dilma começou com 3% e tem 20% ou 25% hoje, dependendo da pesquisa. Quem não tinha nenhuma possibilidade de transferia era o FHC (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) para o (atual governador de São Paulo, José) Serra em 2002", disse. No levantamento CNI/Ibope desta terça, Dilma aparece empatada (14%) com o deputado federal Ciro Gomes (PSB). Serra lidera com 34%.
Só em fevereiro
Apesar das articulações estarem a todo o vapor para a oficialização de Dilma como candidata do PT, Dirceu se contrapôs à declaração da ministra de que uma definição será tomada ainda esse ano. Ela chegou até a fixar: outubro próximo. Contudo, o ex-ministro previu um anúncio formal somente para fevereiro de 2010, quando o PT realiza uma convenção nacional.
Na opinião dele, agora, o partido precisa focar mais no fortalecimento da aliança com o PMDB - que pode, inclusive, ocupar a vice na chapa de Dilma. "O PT é um partido que tem 20% dos votos do País. Nós não temos pressa", afirmou, dizendo-se a favor de um consenso em torno da candidatura da ministra e contrapondo-se ao lançamento de outras da base aliada a Lula, como tanto defende Ciro Gomes. "Mas, se ele Ciro decidir ser candidato, não acredito que isso impeça a ida da Dilma para o segundo turno", acrescentou.
"Céu de brigadeiro"
O deputado cassado ressaltou ainda o último feito do governo: a criação de 284 mil postos de trabalho somente no mês de agosto. Segundo José Dirceu, isso mostra a preocupação de Lula em manter a inflação baixa e investir mais em infraestrutura, mantendo programas sociais como o Bolsa Família.
"Acho que isso é um céu de brigadeiro. Sem esquecer dos nossos problemas - que são graves, acho que o Brasil vai bem. E o povo tende a renovar o mandato do presidente Lula. E o terceiro mandato do presidente Lula tem um nome: é Dilma Rousseff".