Relatório da Polícia Federal (PF) produzido em agosto de 2008, no âmbito da Operação Boi Barrica, afirma que o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), usou a casa do senador para intermediar negócios da incorporadora Abyara, sediada em São Paulo, com a Caixa Econômica Federal. Fernando Sarney é acusado de tráfico de influência junto ao governo federal para obter benefícios financeiros. As informações são do jornal O Globo deste sábado.
Nos diálogos, Fernando Sarney conversa com o vice-presidente de Pessoa Física da CEF, Fábio Lenza, para avisar que o "pessoal" já está a caminho. As pessoas aguardadas seriam os diretores da Abyara. Em outra conversa interceptada, o empresário Paulo Nagem diz que a incorporadora quer uma "recomendação" junto à Caixa.
Nagem, amigo de Fernando, foi indiciado nesta sexta-feira pela PF no inquérito da Operação Boi Barrica, junto com outras três pessoas. Fernando havia sido indiciado no mesmo caso na quarta-feira e sua mulher, Teresa Murad Sarney, no dia seguinte.
A Operação Boi Barrica, que começou há dois anos, investiga transações financeiras ilegais, como prática de caixa dois às vésperas das eleições de 2006. À época, a irmã de Fernando, Roseana Sarney, era candidata ao governo do Estado. Fernando Sarney é apontado como o "líder da quadrilha" e é alvo de cinco inquéritos abertos pela Polícia Federal. Uma das filhas do casal, Ana Clara, é investigada, mas ainda não foi ouvida.
Depósito
A reportagem de O Globo também aponta para a existência de depósitos de R$ 2,4 milhões na conta conjunta de Teresa Murad e Ana Clara Sarney (mulher e filha de Fernando), em 2007. A Abyara informou, à época, que o dinheiro se referia à compra de um terreno.
De acordo com o jornal, a incorporadora confirmou a celebração de um protocolo de intenções com a Caixa, mas afirmou que tudo foi feito dentro da lei. Sobre os patrocínios, explicou que eles tinham o objetivo de divulgar sua marca em São Luís.