O Banco Central (BC) revisou de 1,2% para 0,8% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2009. Em seu segundo relatório trimestral de inflação do ano, divulgado nesta sexta-feira, a redução se deve a estimativas menos favoráveis do desempenho da indústria.
"A atividade industrial, setor mais atingido pela deterioração das expectativas, deverá recuar 2,2% em 2009, ante aumento de 0,1% previsto no relatório anterior", aponta o BC. Ainda segundo a autoridade monetária, o recuo deve ser generalizado, atingindo todos os subsetores à exceção da indústria extrativa, que, segundo o documento, deve ser impulsionada pela produção de petróleo e crescer 2,9% no ano, ante projeção anterior de 2,4%.
Na construção civil também houve reversão das expectativas com o BC prevendo retração de 0,5% no ano, ante expansão de 2,7% assinalada no relatório anterior.
A agropecuária também teve sua projeção piorada no segundo relatório de inflação do ano. De acordo com o documento, o setor deve ter recuo de 0,8%, ante contração de 0,1% estimada anteriormente. A piora se deve, segundo o BC, a queda na demanda externa e a efeitos climáticos como as secas na região Sul do País e o excesso de chuvas no Norte e Nordeste.
Na contramão da indústria e da agropecuária, o setor de serviços teve seu desempenho revisado para cima, de expansão de 1,7% para 2,1%. De acordo com o relatório, a melhora se deve aos dados do primeiro trimestre do ano, melhores que o esperado.
O desempenho anual do setor de serviços foi reestimado de 1,7% para 2,1%, evolução associada em especial, ao desempenho observado no primeiro trimestre do ano.
Quanto ao investimento na produção, o resultado do primeiro trimestre - queda de 14% - levaram o BC a revisar o desempenho do setor de crescimento de 0,7% para retração de 5,1%. Além dos dados dos primeiros três meses do ano, a autoridade monetária disse que o setor deve ser afetado devido às "perspectivas limitadas de recuperação dos investimentos em um cenário de ociosidade no nível de utilização da capacidade instalada interno e recuperação incipiente das economias mais desenvolvidas".
O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,8% no primeiro trimestre de 2009, em relação ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o Brasil entrou oficialmente em recessão técnica, pois o conjunto das riquezas produzidas no País já havia caído 3,6% nos últimos três meses de 2008.
Inflação
O BC espera que neste ano a inflação oficial chegue a 4,1%, índice 0,1 ponto percentual superior ao previsto em março. A estimativa está abaixo do centro da meta de inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,5% para 2009 e 2010. Para o próximo ano, o BC revisou a estimativa de 4% para 3,9%.
Essas projeções do Banco Central dizem respeito ao cenário de referência, que pressupõe que a Selic será mantida no atual patamar de 9,25% ao ano e o dólar valerá R$ 1,95. No relatório, há também as projeções para a inflação no cenário de mercado, em que as projeções são feitas com base nas estimativas para a Selic e taxa de câmbio de instituições financeiras consultados pelo Banco Central.
Nesse cenário, a expectativa para a taxa de câmbio ao final de 2009 é de R$ 2 e para a Selic é de 9% ao ano. Com isso, a previsão para a inflação neste ano é de 4,2%, 0,1 ponto percentual acima do previsto em março. Para 2010, a projeção também é de 4,2%, contra os 4,4% estimados no relatório anterior.