A comissão criada para investigar os atos secretos do Senado descobriu que havia duas categorias de decisões mantidas sob sigilo na casa. Alguns atos, considerados "top secret" estavam sob a guarda do ex-diretor-geral Agaciel Maia e os arquivos não chegavam a sair de sua gaveta. Os demais ficavam sob as ordens de João Carlos Zoghbi, ex-comandante do setor de Recursos Humanos.
Os atos considerados ultrassecretos eram sequer inseridos em um computador, para evitar vazamentos. Muitos desses boletins ainda não foram publicados. De acordo com a burocracia do Senado, eles deveriam sair da Direção-Geral, passar pelos Recursos Humanos, e serem entregues à Informática para divulgação.
Um desses atos considerados "top secret" estendeu a assistência médica vitalícia dos senadores a quem ocupou a Diretoria-Geral ou a Secretaria-Geral da Mesa. De acordo com o Estado, o diretor-geral da Casa, José Alexandre Gazineo, disse que nao conhecia o documento.
Nas últimas semanas, a comissão criada para investigar contratações e concessões promovidas durante as últimas administrações do Senado constatou que os atos secretos, sem publicação imediata no Diário da Casa, foram usados para contratar servidores, autorizar a nomeação de parentes de senadores e o pagamento de horas extras.
Os ex-diretores Agaciel Maia (Diretoria Geral) e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos), que assinaram os atos suspeitos, foram afastados recentemente dos cargos por denúncias de envolvimento em licitações fraudulentas e utilização de "laranjas" em empresas que prestam serviços terceirizados ao Senado.