A Air France começou neste sábado a liberar os atestados de presença a bordo das vítimas do vôo 447. A notícia foi dada pelo embaixador francês Pierre jean Van Doorner às famílias dos mortos, reunidas no Hotel Guanabara, no Centro do Rio de Janeiro, na manhã deste sábado. Na França, o documento, que comprova a presença dos passageiros no avião que caiu no oceano Atlântico, serve como atestado de óbito.
Designado pelo Ministério das Relações Exteriores da França para companhar as famílias das vítimas, o embaixador disse neste sábado não saber se o atestado tem a mesma validade jurídica no Brasil. Pierre também não deu informações sobre as indenizações. Apenas informou já ter se reunido, em Paris, com a secretária brasileira de Direito Econômico do Ministério da Justiça, a quem pediu informações e reportagens sobre outros acidentes aéreos ocorridos no Brasil a fim de discutir o assunto.
Ainda neste sábado à noite o embaixador vai ao Recife, onde está a base dos médicos legistas, e depois a Brasília, para novamente conversar com representantes do Ministério da Justiça sobre as indenizações. Pierre foi escolhido representante do governo francês no acompanhamento das famílias por ter sido embaixador na Venezuela quando ocorreu um acidente aéreo com 150 mortos.
No Rio, disse ter conversado com os parentes das vítimas "primeiramente sobre a dor e o luto e depois sobre as questões burocráticas e as buscas". No último caso, disse não ter se "aprofundado porque ainda não conversou com os legistas". "Minha missão aqui é trazer conforto e acompanhar de perto o caso. Me recuso a divulgar o que não não foi provado", disse.
Questionado sobre a suposta falta de marcas de queimadura nos corpos, o que indicaria que o avião não explodiu no ar, Pierre outra vez foi lacônico. "Não tenho essa confirmação. Só posso ter esperanças de que os passageiros não sofreram", disse, além de pedir confiança nas investigações, que serão um "processo longo". "É um dever com as famílias, além de necessidade e dever para melhorar a segurança no transporte aéreo", completou.
O acidente
O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).
De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.
Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.
A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).
Desde a manhã de sábado, foram localizados 44 corpos próximos ao local onde a aeronave emitiu as últimas notificações. As vítimas são levadas até Fernando de Noronha por embarcações da Marinha.