O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira que decidiu cortar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros. Com a decisão desta noite, a quarta queda consecutiva levou a taxa a 9,25% ao ano, o menor valor da história da Selic, criada em março de 1999.
O boletim Focus, do BC, previa que a taxa chegaria a 9,5%, de acordo com relatório divulgado nesta semana, com o resultado de pesquisa feita com analistas e instituições financeiras.
A decisão desta quarta-feira não foi unânime, com dois votos a favor da redução em 0,75 ponto percentual e seis a favor de corte de 1 ponto.
"Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa", disse o Copom em comunicado.
Neste ano, os juros básicos foram reduzidos em 1 ponto percentual, dia 21 de janeiro, mais 1,5 ponto percentual, dia 11 de março, e novamente 1 ponto percentual, dia 29 de abril. A redução feita hoje deixa a taxa Selic em 9,25% ao ano até a próxima reunião do Copom, agendada para os dias 21 e 22 de julho.
Para Tatiana Pinheiro, economista do Santander, o "Copom deu sinal desencontrado ao mercado. Ao mesmo tempo em que cortou o juro de forma mais agressiva do que o mercado esperava, mostrou que novos cortes mais para a frente serão mais difíceis. Isso significa que eles (diretores do BC) podem estar vendo a atividade econômica mais fraca do que o mercado e um cenário de inflação mais tranquilo."
Com a decisão do Copom, o Brasil manteve-se em terceiro lugar no ranking de juros reais (descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses) de 40 países, segundo levantamento da consultoria UpTrend. Como a inflação projetada até junho do ano que vem é de 4,3%, a taxa real de juros no Brasil fica em 4,9% ao ano, atrás da China (6,9%) e da Hungria (5,9%).
No ranking dos juros nominais, o Brasil ocupa o quarto lugar, atrás da Venezuela (21,4%), Rússia (11,5%) e Argentina (10,5%). Descontada a inflação dos últimos 12 meses (de junho de 2008 a maio deste ano), os juros mais altos dentre os 40 países ranqueados pela UpTrend foram praticados pela Turquia (8%), China (7,8%) e Brasil (6,6%).
O levantamento da empresa de consultoria considera as 40 principais economias do mundo, das quais apenas 12 praticam taxas de juros acima de 1% ao ano, 11 outras têm taxas entre 0,1% e 1%, Dinamarca e Grécia zeraram suas taxas e 15 países trabalham com a perspectiva de juros negativos nos próximos 12 meses.