Uma pessoa envolvida nas operações de buscas de destroços do vôo 447 da Air France afirmou que uma das poltronas recolhidas do mar no sábado continha uma marca da companhia aérea francesa. A Força Aérea Brasileira (FAB) e a Marinha teriam obtido indícios e provas de que os destroços encontrados no oceano Atlântico pertencem ao Airbus que desapareceu no domingo passado depois de decolar do Rio de Janeiro rumo a Paris com 228 pessoas a bordo.
"Um dos assentos localizados tinha uma inscrição com uma marca da Air France", afirmou a fonte, sob a condição de anonimato. Além disso, a companhia aérea teria comunicado à Aeronáutica que o número de série da primeira poltrona azul localizada e colhida é de um assento de uma de suas aeronaves.
"A Air France confirmou para a gente que aquele número de série era de uma poltrona usada em um Airbus A330, mas eles não puderam dizer se era do vôo 447 porque eles não fazem o controle por número de série de cada assento de cada avião", explicou.
Procurada neste domingo, a assessoria de imprensa da Air France informou que não poderia se pronunciar sobre o tema devido às restrições que a legislação francesa impõe para a divulgação de dados sobre a investigação de acidentes aéreos.
A Aeronáutica e a Marinha informaram no sábado que as equipes de busca recolheram do mar, além de dois corpos do sexo masculino, assentos, pedaços da asa do avião, máscaras de oxigênio, uma mochila com cartão de vacinação e uma pasta de couro com um bilhete da Air France.
Uma das malas continha um laptop. Isso foi encontrado a 69,5 km de onde o avião da Air France emitiu automaticamente o último sinal de problemas técnicos. De acordo com a fonte, mais materiais foram resgatados do mar e, até a noite de sábado, ainda eram catalogados. Um desses itens seria uma tela de LCD semelhante às que são instaladas em aviões. As buscas continuam neste domingo.
Os corpos e os materiais recolhidos foram encontrados a cerca de 900 km de Fernando de Noronha, onde chegarão no domingo para a identificação inicial. Depois, deverão ser transferidos para o Recife.
Na sexta-feira, agentes da Polícia Federal recolheram material de parentes das vítimas do acidente com o vôo AF 447 hospedados em hotel no Rio de Janeiro para a realização de exames de DNA que poderão identificar os corpos.
O vôo AF 447 tinha 216 passageiros de 32 nacionalidades, incluindo sete crianças e um bebê. Segundo a Air France, 61 eram franceses, 58 brasileiros e 26 alemães. Dos 12 tripulantes, um era brasileiro e os demais, franceses.
O acidente
O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).
De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.
Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.
A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).