O modelo do avião do vôo AF 447 da Air France que caiu na segunda-feira quando fazia a rota entre Rio de Janeiro e Paris é o mesmo da aeronave da TAM que sofreu uma turbulência e deixou 21 pessoas feridas em Guarulhos (SP) no dia 25 de maio, exatamente uma semana antes do acidente com a companhia francesa. Além disso, no ano passado, dois jatos da companhia aérea australiana Qantas - ambos A330 - registraram perda severa de altitude durante o vôo.
Uma semana antes do acidente no vôo da Air France, o avião da TAM sofreu uma forte turbulência quando se preparava para pousar no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. O avião estava com 154 pessoas a bordo. Dos 21 feridos, oito tiveram que ser encaminhados a hospitais.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), no dia do incidente da TAM, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) divulgou duas mensagens avisando a todo o tráfego aéreo sobre o mau tempo.
O avião da Air France que caiu no Atlântico com 228 pessoas a bordo na última segunda-feira era relativamente novo, entrou em serviço em abril de 2005, e passou por manutenção em 16 de abril. Antes do vôo da Air France, o modelo não havia passado por nenhuma queda fatal no passado.
Mecanismo de "autoengano"
Hans Weber, presidente da Tecop, uma empresa de consultoria aeronáutica de San Diego, em entrevista ao jornal ao The New York Times, lançou uma hipótese para o acidente com a companhia aérea francesa baseado nos casos com as aeronaves da Qantas. O A330 é um jato do tipo "fly-by-wire", com um aparelho no qual os sinais que movimentam as superfícies de controle aerodinâmico são transmitidos por cabos elétricos a pequenos motores instalados nas asas.
O sistema tem a capacidade de realizar manobras automaticamente para evitar uma queda iminente sendo que, em alguns aparelhos, não é possível que o piloto cancele essa manobra. Nos casos dos vôos da Qantas, o equipamento teria enviado mensagens erradas aos computadores, que tomaram medidas para corrigir erros inexistentes, e fizeram os aviões mergulharem subitamente.
Segundo Weber, a aeronave da Air France pode ter realizado uma manobra também baseada em dados errados e feito, por exemplo, um mergulho para retomar velocidade de vôo. Em combinação com uma forte corrente de vento em direção a superfície, o jato talvez não conseguisse recuperar altitude.
A330 se destaca pela capacidade
O Airbus A330 é um dos aviões de mais elevada capacidade de transporte de passageiros entre os fabricados pelo consórcio europeu e costuma ser usado em vôos de média ou longa distância. Este modelo possui duas versões para a aviação comercial, o A330-300 e o A330-200, similar ao avião da Air France que caiu na segunda-feira.
O A330-200 começou a ser utilizado em 1998. Sua autonomia de vôo é de até 12,5 mil km e pode transportar de 253 passageiros, caso esteja configurado para três classes, até 293 viajantes, se estiver dividido em duas.
Este modelo mede 58,8 m de comprimento por 17,4 m de altura e seu peso máximo ao decolar é de 230 t.
Já o A330-300, que começou a voar em 1993, é maior do que o outro avião comercial de sua série. Também possui um peso máximo de 230 t ao decolar, mas mede 63,6 m de comprimento por 16,85 m de altura.
Seu número máximo de passageiros oscila entre 295 e 335, dependendo da configuração para três ou duas classes, respectivamente, e sua autonomia de vôo é de até 10,5 mil km.
Até agora, a Airbus vendeu mais de mil unidades do A330 a cerca de 70 companhias aéreas. Cada uma das aeronaves custou em média US$ 200 milhões.
A velocidade de cruzeiro destes modelos é de 0,82 Mach (871 km/h) e sua velocidade máxima é de 0,86 Mach (913 km/h).
O acidente
O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).
De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.
Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.
A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).
Clique aqui e veja o gráfico animado dos eventos da queda do voo da Air France https://www.grupoahora.com.br/air_france_voo_af447.htm .