General Motors pede concordata em tribunal de NY

 

Economia - 02/06/2009 - 01:45:25

 

General Motors pede concordata em tribunal de NY

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A General Motors (GM), o maior fabricante de automóveis dos Estados Unidos, pediu concordata nesta segunda-feira em um tribunal de Nova York, depois de não conseguir reestruturar sua dívida, como tinha exigido o governo americano.

O pedido de proteção contra falência é o terceiro maior da história dos Estados Unidos e o maior já feito pela indústria manufatureira do país.

Em comunicado, a GM lamentou a concordata, mas afirmou que surgirá uma empresa mais forte. "Os diretores da General Motors autorizou o recurso ao capítulo 11 (da lei de proteção à falência) com pesar que esse caminho mostrou-se necessário, apesar dos esforços de muitos. Hoje marca um novo início à GM. Um processo supervisionado pela Justiça e a transferência de bens vai viabilizar a Nova GM mais forte, saudável e mais focada, com a determinação não de apenas sobreviver, mas se destacar", disse a montadora.

O presidente americano, Barack Obama, deve falar às 12h55 de Brasília sobre a reestruturação da indústria automobilística. O diretor geral da GM, Fritz Henderson, deve em seguida dar uma entrevista à imprensa, às 13h15 de Brasília em Nova York.

Sem termos dos ativos de US$ 82 bilhões de dólares listados pela companhia até o final de março, a concordata da GM só fica atrás dos colapsos do banco de investimento Lehman Brothers e da companhia de telecomunicações WorldCom.

A decisão de forçar a GM em direção a um rápido processo de concordata, e fornecer US$ 30 bilhões em fundos adicionais dos contribuintes para reestruturar a montadora, é uma aposta grande e arriscada da governo de Barack Obama.

Mas em um sinal de progresso no esforço do governo, um juiz de falências aprovou a venda de praticamente todos os ativos da Chrysler para um grupo liderado pela italiana Fiat .

A recuperação judicial da Chrysler, também financiada pelo Tesouro americano, era vista como um teste para uma reorganização da GM, que é muito maior e complexa que a da rival.

O plano da GM prevê um rápido processo de venda que permitirá que uma GM muito menor saia da recuperação judicial dentro de 60 a 90 dias.

"Agora a parte difícil começa, que é tornar a GM e a Chrysler competitivas. Se eles não fizerem isso, então teremos de fazer tudo isso de novo em alguns anos", disse Christopher Richter, analista do setor automotivo da CLSA Asia-Pacific Markets, em Tóquio.

"A implicação imediata é que as companhias ficarão menores e a fatia de mercado estará disponível para ser tomada, o que significa que concorrentes como Toyota, Honda, Nissan e Hyundai ganharão participação".

Procurada, a GM no Brasil informou por sua assessoria de imprensa que o pedido de proteção judicial da matriz não afeta as operações no País. O presidente da filial brasileira, Jaime Ardila, concederá entrevista à imprensa na terça-feira para "comentar o estado dos negócios da empresa no País".

Linha vital

Desde o começo do ano, a GM tem sido mantida por fundos do governo dos Estados Unidos, conforme a força tarefa apontada pela Casa Branca avaliava planos de reestruturação envolvendo US$ 50 bilhões em financiamento federal.

Assumindo uma fatia de 60% na GM reorganizada, o governo de Obama está apostando que a montadora poderá competir com rivais como a Toyota, após sua dívida ter sido reduzida pela metade e os custos trabalhistas terem sido cortados em um novo contrato aceito pela central sindical United Auto Workers.

Os governos do Canadá e da província de Ontario decidiram fornecer outros US$ 9,5 bilhões à GM em uma adição tardia aos planos de concordata.

A montadora planeja fechar 11 fábricas nos Estados Unidos e desativar outras três unidades. A GM ainda não forneceu uma meta atualizada sobre a redução dos postos de trabalho, mas pretende cortar 21 mil vagas entre os 54 mil trabalhadores sindicalizados pela UAW que emprega no país.

A UAW terá uma participação de 17,5% na "nova GM". O governo canadense, por sua vez, receberá uma fatia de 12%, enquanto os detentores de bônus da GM terão 10%.

Autoridades envolvidas nos planos afirmaram que a Casa Branca é um "investidor relutante" na GM, mas tem que evitar uma liquidação que, segundo analistas, custaria dezenas de milhares de empregos em um momento no qual a economia dos EUA está imersa em recessão.

A montadora sozinha emprega 92 mil pessoas nos Estados Unidos e é indiretamente responsável por 500 mil aposentados.

"Nós queremos uma saída rápida e limpa (da concordata) assim que as condições permitirem", afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, a estudantes na Peking University, em Pequim. "Nós estamos muito otimistas de que essas companhias deixarão a concordata sem mais assistência do governo."

O presidente Barack Obama deve discursar brevemente sobre a indústria automotiva às 11h (horário de Brasília) desta segunda-feira. Mais cedo, ele afirmou que a Chrysler se fortalecerá após a aprovação da venda de seus ativos para o grupo de investidores liderado pela Fiat.

Autoridades dos EUA acrescentaram que não há planos de fornecer nenhum novo financiamento à GM e insistiram que todas as três montadoras de Detroit podem sobreviver. A Ford Motor não buscou ajuda emergencial junto a Washington.

No caso da GM, a meta de reestruturação é permitir que a montadora retorne à lucratividade caso as vendas no setor automotivo nacional se recuperem mesmo que levemente, para quase 10 milhões de unidades anualmente.

Até agora, para parar de perder dinheiro, a GM conta que a indústria americana alcançará a marca de 16 milhões de veículos vista pela última vez em 2007, afirmaram autoridades.

Mesmo que a GM e a Chrysler saiam rapidamente da concordata, a força tarefa permanecerá em atividade.

Fundada em 1908, a GM chegou a dominar o setor automotivo global e dos Estados Unidos durante a administração do presidente-executivo Alfred Sloan. Até meados de 1950, no auge do seu sucesso, a GM tinha cerca de 514 mil empregados e respondia por cerca de metade da produção de carros dos Estados Unidos.

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