A Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil, LIBRA, de São Bernardo, presidida por Marilda Dib, realizou nesta quinta-feira, 14 de maio, no Buffet Tutti Noi uma palestra com o ex-prefeito William Dib (PSB), que traçou um panorama da situação política que o país e a cidade atravessam no momento. O evento contou com a presença de mais de 200 pessoas, além do deputado estadual Orlando Morando (PSDB), vereadores, ex-secretários do governo Dib, diretoras e conselheiras da Libra.
Dib iniciou o discurso fazendo um comparativo entre a política e a medicina, afirmando que sem críticas é difícil fazer um diagnóstico. “Quando você vai ao médico ele faz uma análise baseado nas críticas do paciente para chegar a um diagnóstico. Toda crítica tem que ser construtiva para levar ao diagnóstico, e mais, tem que levar a uma proposta para a busca do tratamento”. Para ele o político precisa receber as críticas para entender as dificuldades da população e encontrar caminhos para solucionar os problemas.
O prefeito destacou alguns escândalos que envolveram deputados e senadores, além de transações que a imprensa publicou como a venda da concessão da Varig, feita para um grupo canadense por US$ 300 milhões. “O cara não entende muito de comércio. O empresário não quis comprar a empresa aérea por US$ 30 milhões, perdeu o negócio e 90 dias depois comprou uma parte da empresa por US$ 300 milhões”.
O socialista destacou também, o programa Bolsa Família como o maior sucesso de política social do mundo. “Não há no mundo um programa que atenda 12 milhões de pessoas”. Segundo Dib, o país copiou o projeto original, do Chile, que oferecia assistência aos desfavorecidos. No início, 320 mil famílias eram beneficiadas, três anos depois eram 85 mil, motivo de festa e comemorações. “No Brasil, iniciamos o programa com 4 milhões, hoje são 12 milhões e as pessoas comemoram o aumento da miséria”, ressaltou. “Ajudar é dar capacitação, educação, resolver problemas familiares de drogas e alcoolismo. Só com enfrentamento se faz justiça social”, completou.
Deixando um pouco de lado a questão nacional, o palestrante explanou com clareza, a situação que São Bernardo atravessa. Os três projetos que compunham a reforma administrativa da Prefeitura, foram barrados pelo departamento jurídico da Câmara por serem inconstitucionais. “O presidente não ficou satisfeito e mandou para análise do Cepam (que faz gestão para os municípios e faz pareceres legais, é um órgão auxiliador da Administração Pública) e o parecer aos três projetos era de que eles não poderiam prosperar porque eram inconstitucionais. Fizeram panfletos partidários dizendo que os vereadores da oposição não queriam melhorias para a cidade. No dia da votação encheram 12 ônibus com gente agressiva que jogava moeda, chiclete, xingavam e faziam pressão para tentar obrigar vereadores a votar algo inconstitucional isso porque eles tomaram São Bernardo, eles não ganharam a eleição, eles tomaram a cidade. Eles compraram a cidade”.
Inconstitucionalidade – O projeto original previa que as despesas decorrentes do projeto, que criaria diversas vagas e aumentaria os salários, deveria correr por conta de decreto, o que é inconstitucional. O decreto teria validade até 2012, quando terminaria o mandato do partido. Outro ponto era de que o projeto não especifica funções dos cargos descritos e as qualificações das pessoas que assumiriam os cargos.
O ex-prefeito também questionou o mérito de algumas medidas que integram os projetos da reforma administrativa. “Eles queriam criar a Secretaria de Segurança, com a Guarda Civil Municipal extinta, um grande risco para o gestor. A diferença é que o Secretário de Segurança tem a gestão pelo Poder Público com cargos de diretores, assessores, etc, e a guarda tem hierarquia militar com comandante, subcomandante, tenente que passam por treinamento. Queriam liberar armamento para todos os guardas, e quem passaria a ordem para atirar ou não? Uma pessoa que tem noção militar para autorizar ou não isso?”, explicou Dib.
Durante a palestra Dib também questionou o fato da não descrição das funções dos cargos criados. “O diretor, chefe, ou o encarregado de saúde pode ser qualquer pessoa. Quando se fala de segurança pública e saúde, estamos falando em vidas”, comentou.
Ele também rebateu insinuações de que a Câmara de São Bernardo estaria parada diante de uma falta de entendimento entre oposição e situação. “Notícias de jornais com fotografias de vereadores que não aprovam nada, são mentiras, todos os outros projetos foram aprovados. Porque o projeto da regularização fundiária passou? Do aumento da frente de trabalho passou? E estes (da reforma administrativa) não? Nós precisamos bater palmas para os nossos dez vereadores, que não se venderam. Eu peço sim para não votarem porque eu quero continuar vivendo aqui, independente de quem esteja no governo; estamos lutando para construir uma sociedade melhor, mais justa. Eles não votaram o aumento dos médicos porque estariam tirando o aumento de muitos servidores e o sindicato estranhamente disse que poderia ser votado assim mesmo”.
William Dib finalizou a palestra criticando medidas da atual administração como o fechamento do programa Turma Cidadã e a redução da Banda Mirim, transformando-a em coral, e a falta de remédios. “O governo pode fazer o que quiser, mas não pode fechar a banda mirim e transformar em coral. Não tem remédio e o prefeito inaugurou um novo serviço internação domiciliar contratou médicos para isso; porque não contratou para os pronto-socorros? Tudo agora a culpa é dos dez vereadores de oposição de São Bernardo. Isso não pode continuar. A verdade é que assim que o projeto (reforma administrativa) estiver pronto iremos revê-lo”.