O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que as mudanças que o governo prepara para reduzir os atuais rendimentos das poupanças deverão beneficiar 95% dos atuais poupadores. Segundo o ministro, apesar de poderem ser impopulares, as alterações refletem um novo cenário econômico em que o Brasil trabalha com taxas de juros mais baixas.
Depois do último corte na taxa básica de juros, os rendimentos da caderneta passaram a ficar mais atrativos do que aqueles proporcionados pelos títulos públicos, o que poderia acarretar na migração de investidores que hoje aplicam em fundos de investimento para a poupança.
"Nós temos que nos acostumar no Brasil com taxas de juros menores. O mundo todo hoje está vivendo com taxas de juros menores. A poupança era uma remuneração boa quando você tinha a Selic a 13%, por exemplo, e ela remunerava 6,5% ou 7%. Só que a Selic está caindo e daqui a pouco vai encostar na poupança. Corre-se o risco de ter uma migração de grandes investidores, de investimentos de renda fixa para a poupança. Esse é o dilema", declarou o ministro após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta tarde, o Lula também defendeu mudanças no cálculo dos rendimentos da caderneta de poupança e disse que, diante do corte da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o governo precisa "proteger" os verdadeiros poupadores, e não transformar a poupança em "investimento".
"Certamente nós faremos uma mudança que preserve os interesses da grande maioria dos poupadores. Não há nada a temer em relação a isso. O governo vai continuar garantindo a poupança como um bom investimento, totalmente seguro e garantido. O pequeno investidor não vai ter nenhum prejuízo com isso", disse Mantega.
Ele evitou confirmar estudos sobre a criação de um teto para aplicações na poupança e tampouco a possibilidade de uma eventual tributação para as cadernetas.
"A questão da poupança está sendo estudada entre a Fazenda e o Banco Central e não temos ainda uma posição. Vamos fazer algum ajuste, mas o presidente já determinou que a gente garanta que todos os pequenos investidores, que são 95% das cadernetas, sejam preservados, que continuem dando rentabilidade com segurança e garantia", afirmou.
